Economia

Mulheres predominam nos serviços domésticos nas regiões metropolitanas de Fortaleza e Recife

postado em 05/03/2010 16:53
São Paulo ; As regiões metropolitanas de Fortaleza e Recife foram as que tiveram mais mulheres empregadas no setor de serviços domésticos em 2009, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego, da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Nas duas regiões, 18,3% das mulheres estavam ocupadas como domésticas no ano passado.

A pesquisa foi feita em sete regiões metropolitanas e a proporção de mulheres no serviço doméstico ficou em 17,1% em São Paulo, 17% no Distrito Federal, 15,8% em Salvador, 15,2% em Belo Horizonte e 13% em Porto Alegre.

Outra conclusão é que a maior parte das mulheres que trabalham como domésticas, nas sete regiões, está na faixa etária de 25 e 39 anos. No Distrito Federal, o percentual é de 44,7% e, em Porto Alegre, é de 29%. De acordo com a analista do Seade, Márcia Guerra, há uma tendência desse tipo de ocupação deixar de ser exercida por mulheres mais novas, de 18 a 24 anos, devido ao nível educacional estar mostrando tendência de crescimento entre os jovens.

;O crescimento do nível educacional da população, que atinge principalmente as jovens, tem uma mudança estrutural no mercado de trabalho;, disse Márcia.

As mensalistas são 67% das trabalhadoras domésticas nas sete regiões analisadas. O percentual inclui as que trabalham com carteira assinada e também as informais. As regiões onde predominam as trabalhadoras com carteira assinada são Porto Alegre (45,1%), Distrito Federal (43,6%), Belo Horizonte (42,6%) e São Paulo (36,6%). Já em Fortaleza, Salvador e Recife, a proporção de domésticas sem carteira assinada é maior, sendo respectivamente de 63,6%, 48,4% e 37,4%.

As maiores jornadas de trabalho foram verificadas nas regiões metropolitanas do Nordeste, com uma média de 54 horas semanais para as trabalhadoras de Recife, 50 horas para as de Fortaleza e 45 horas para as de Salvador. Nas outras quatro regiões, a jornada ficou em uma média de 43 horas semanais.

;A jornada de trabalho sempre foi muito alta. Com o crescimento das diaristas [ativas no mercado], essa média tende a diminuir um pouco em algumas regiões. Mas, para as mensalistas com carteira, pela característica do trabalho, muitas vezes é mais difícil colocar um limite da jornada; , afirmou a economista do Dieese Patrícia Lino Costa.

De acordo com o presidente do Instituto Doméstica Legal, Mário Avelino, a predominância de mulheres no trabalho doméstico decorre de uma questão cultural. ;Predomina a cultura escravagista, na qual a mulher ficava trabalhando na casa e o homem na lavoura. Quando libertados os escravos, a mulher sem formação só sabia dar conta dos afazeres domésticos e isso predomina até hoje;, avaliou.

Avelino destacou que a informalidade é o maior problema do setor e, para combatê-lo, a solução é a edição de leis que obriguem o empregador a cumprir as obrigações trabalhistas. ;O governo precisa investir em informação sobre o trabalho doméstico e punir o empregador que não cumpre a lei. Nunca vemos campanhas de orientação e educação ao emprego doméstico, tanto para o empregador quanto para o trabalhador.;

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