Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 06/03/2010 08:41
A indústria da construção civil deverá repetir o desempenho de 2008, encerrando o ano com uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 9%. A expectativa é dos empresários do setor e contrasta com os resultados aguardados para 2009. De acordo com Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o PIB do ano passado, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará na próxima semana, não reflete a performance real das empresas. "Os números deverão vir ruins para o setor em 2009", alertou.
Pelas estimativas dos construtores, o crescimento no ano passado deveria ser positivo em pelo menos 2%. Mas, pela metodologia utilizada pelo IBGE, o resultado ficará negativo em 3% ou 4%. "Já falei para o ministro da Fazenda que o modelo que vem sendo utilizado pelo IBGE precisa ser revisto", observou Simão. Conforme o presidente da CBIC, o IBGE não incorpora nas contas o valor agregado pelas construtoras. O cálculo do PIB feito pelo instituto se baseia, exclusivamente, na coleta de materiais.
Como 2009 foi um ano de crise, a CBIC alega que as empresas fizeram uso do estoque que tinham, sem adquirir mais insumos no mercado. "Não se pode negar que o setor teve um desempenho excepcional no ano passado, gerando mais de 200 mil postos de trabalho", observou Simão. Para o presidente da CBIC, contribuiu muito para a sustentação do setor o programa Minha Casa, Minha Vida, além do salto dado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no financiamento de casa própria para os mutuários da classe média. Foram R$ 34 bilhões de recursos da poupança direcionados ao financiamento de 305 mil novas unidades habitacionais. "Cerca de 40% do crédito em 2009 foi construção civil. Outros 17% foram para outros tipos de financiamento às pessoas físicas", disse Simão.
O presidente da CBIC não concorda com as críticas que são feitas ao programa Minha Casa, Minha Vida. Ele garantiu que as unidades previstas - no total, um milhão - serão contratadas este ano. Desse total, pelo menos 330 mil serão entregues. Simão disse que o governo lançará, em 29 de março, o Minha Casa, Minha Vida 2. "Já encaminhamos para o governo nossa proposta", assegurou. Simão lembra que é preciso consolidar o programa.
A primeira fase teve como objetivo estancar o crescimento do deficit habitacional do país. "Agora precisamos tratar de erradicar o deficit, que é de 6,2 milhões de moradia", defendeu. Para Simão esse objetivo só será cumprido se o governo conseguir atacar a questão fundiária, reservando um percentual mínimo de 10% dos lotes para a habitação de interesse social e também passar a admitir a construção de grandes conjuntos habitacionais. "Precisamos de volume", ponderou.