Agência France-Presse
postado em 06/03/2010 11:39
Atenas - Os gregos submetidos à austeridade, que até o momento provocou apenas a ira de sindicalistas, se mantêm prudentes em relação à eficácia das rígidas medidas, que podem levar ao agravamento da recessão, consideram os analistas.
"Enquanto a Grécia está bastante convencida da necessidade de algumas medidas para o saneamento de sua economia, a questão que surge agora é se elas vão se mostrar justas e eficazes para manter a coesão social", afirmou Thomas Gérakis, analista político.
[SAIBAMAIS]O plano de austeridade já suscitou uma forte reação por parte de duas poderosas centrais sindicais, a GSEE e a Adedy, que reúnem funcionários dos setores privado e público respectivamente, e que convocaram uma greve geral, para o dia 11 de março, a segunda em duas semanas.
De acordo com uma primeira pesquisa do instituto Kapa Research, divulgada neste sábado no jornal To Vima, os gregos estão divididos sobre as medidas que tentam conter a deriva das finanças públicas e economizar 4,8 bilhões de euros. Entre os consultados, 48% "se opõem" ao plano de austeridade, enquanto que 46,6% "concordam".
Com uma taxa de pobreza de 20% no país e um índice de desemprego que atinge mais de 10%, as medidas, que incluem reduções salariais em cargos públicos e o aumento de idade para a aposentadoria, "podem mergulhar ainda mais o país na recessão", considerou o cientista político Michalis Spourdalakis.
"Se o plano não for acompanhado rapidamente por ações precisas para fortalecer o consumo e a demanda, o custo social será grande nos próximos meses", disse Gérakis.
A imprensa grega também advertiu neste sábado o governo socialista, no poder desde outubro, para a escalada do descontentamento social.
O jornal liberal Kathimerini destaca em seu editorial "a indignação da opinião pública" frente ao desperdício de dinheiro público "da classe política" e pede aos socialistas que lutem contra o clientelismo, endêmico no país.
"O desafio atual para o governo é convencer a todos de que estes sacrifícios enormes terão um resultado positivo", ressalta o jornal de esquerda Elefthérotypia.
Considerando que o governo "não tem outra opção, a não ser adotar estas medidas dolorosas", visando à redução da dívida abissal (113% do PIB) e do déficit público (12,7%), o primeiro-ministro Georges Papandréou afirmou que está determinado a restabelecer a credibilidade de seu país diante dos mercados internacionais e dos sócios europeus.
Depois de ter recebido na sexta-feira em Berlim o apoio da chanceler alemãn Angela Merkel, Papandréou deve se reunir no domingo à noite com o presidente francês Nicolas Sarkozy em Paris, antes de ser recebido no dia 9 de março pelo presidente americano Barack Obama na Casa Branca.