postado em 08/03/2010 19:44
Brasília ; A projeção de inflação para este ano se aproxima de 5%, distanciando-se da meta de 4,5%. Para o professor Evaldo Alves, da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV), de São Paulo, um dos motivos mais fortes para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o aumento dos preços no atacado.Alves disse que o Índice Geral de Preços ; Disponibilidade Interna (IGP-DI) teve sua projeção anual aumentada de 5,70%, na semana passada, para 5,91% no Boletim Focus que o Banco Central divulgou hoje (8); e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) também cresceu de 5,86% para 5,88%.
Os dois indicadores são usados pela FGV para medir a tendência dos preços no atacado. O professor salientou que os aumentos no atacado ;tendem a se propagar por toda a economia;. Daí a necessidade, segundo ele, da adoção de medidas corretivas para que a inflação não se estenda desordenadamente.
[SAIBAMAIS]Embora a maioria dos analistas financeiros aposte na elevação da taxa básica de juros (Selic) só de abril em diante, Evaldo Alves entende que ;a situação econômica já está abrindo caminho; para elevação em torno de 0,5 ponto percentual. É uma sinalização de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode antecipar o aumento da taxa na reunião que fará na semana que vem, dias 16 e 17.
O professor acredita que as flutuações de preços ora em andamento abrem espaço para uma taxa Selic de 11,25% no fim do ano, contra os 8,75% ao ano, que está em vigor desde julho do ano passado e é o nível mais baixo da taxa básica de juros desde a criação do Copom, em 1996.
Alves afirmou que as altas dos índices de preços no atacado devem deixar os consumidores atentos. ;O mercado está sinalizando uma contenção de gastos, e o consumidor deve evitar contrair dívidas. Para aquelas pessoas que têm uma reserva, o recomendável é investir em ativos conservadores e de alta liquidez;, recomendou.
O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, reconhece que os indicadores de inflação estão pressionados em grande medida pelos preços dos alimentos, e com isso cresce a expectativa em torno da próxima reunião do Copom. Mas ele acredita na manutenção da Selic em 8,75%, até porque os dados recentes da indústria não apontam para um cenário de aquecimento excessivo.