Economia

Estados Unidos não apresentaram proposta para impedir retaliação comercial, diz Miguel Jorge

postado em 09/03/2010 16:17
Brasília ; Os Estados Unidos não apresentaram nenhuma proposta que faça o Brasil desistir ou amenizar as retaliações comerciais autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), disse nesta terça-feira (9/3) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. Após reunião com o secretário de Comércio norte-americano, Gary Locke, o ministro afirmou que o Brasil ainda espera uma posição oficial do governo do presidente Barack Obama.

;Não houve proposta, até porque esta não era uma reunião de negociação. Estamos esperando por uma negociação que até agora não aconteceu, mas isso tem de vir da parte deles;, declarou Miguel Jorge. O encontro também teve a presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Miguel Jorge criticou, ainda, o fato de os Estados Unidos não terem enviado representantes do Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro, para liderar a negociação. Segundo ele, o secretário de Comércio norte-americano não é a pessoa mais indicada para conduzir o processo.

;Eles não são as pessoas com as quais o Brasil negociaria. É como eu estar negociando um acordo diplomático com outros países, mas não sou eu quem negocia [acordos diplomáticos]. Quem faz isso é o ministro das Relações Exteriores;, comparou Miguel Jorge. O encontro de hoje, afirmou, discutiu apenas acordos sobre bitributação e de cooperação em energia elétrica.

De acordo com o ministro, Gary Locke afirmou que uma guerra comercial com o Brasil não interessa aos Estados Unidos. Miguel Jorge, no entanto, garantiu que o Brasil não abrirá mão das retaliações comerciais caso não haja uma contraproposta do governo norte-americano. ;Uma guerra comercial não interessa ao Brasil, assim como não interessa a ninguém. Estamos prontos a negociar quando formos chamados", disse o ministro.

Nesta segunda (8/3), o governo brasileiro divulgou uma lista de produtos norte-americanos que terão o Imposto de Importação reajustado para retaliar subsídios concedidos pelos Estados Unidos aos produtores de algodão. A sanção foi autorizada pela OMC em novembro. Desde então, o Brasil elaborava a relação de itens que passarão a pagar mais para entrar no país.

[SAIBAMAIS]Pela lista, a retaliação em produtos poderá chegar a US$ 591 milhões. A OMC também autorizou o Brasil a preparar uma lista com retaliações em propriedade intelectual. Com a medida, o Brasil poderá quebrar patentes, além de usar marcas e direitos autorais sem autorização, como forma de complementar a retaliação aos Estados Unidos.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, a lista de retaliação de propriedade intelectual será apresentada em 23 de março aos sete ministros que compõem a Câmara de Comércio Exterior (Camex). Depois disso, a relação irá a consulta pública.

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