Agência France-Presse
postado em 15/03/2010 19:37
Os chineses continuam sendo os maiores credores dos Estados Unidos, ainda que, em meio às tensões comerciais, a tendência seja reduzir seus portfólios, segundo dados publicados nesta segunda-feira pelo Tesouro americano, em Washington.Os cidadãos chineses (exceto Hong Kong) tinham em janeiro 889 bilhões de dólares em bônus do Tesouro norte-americano, cifra menor que os 894,8 bilhões de dólares registrados em dezembro.
Este é o terceiro mês consecutivo de queda, o que marca uma redução de 5,2% no período.
Depois dos chineses, estão os japoneses (765,4 bilhões de dólares) e os "exportadores de petróleo" (15 países com 218,4 bilhões de dólares) que têm a tendência de aumentar a massa de bônus que detêm.
Há um mês, o Tesouro surpreendeu os mercados ao anunciar que os chineses tinham deixado de ser os primeiros credores de Washington, lugar que o Japão teria supostamente ocupado.
No entanto, essas cifras foram revisadas em 26 de fevereiro, quando o Tesouro elevou o montante chinês em 130 bilhões de dólares. Boa parte desse recurso, comercializado em Londres, tinha sido contabilizado como britânico.
A confiança da China na dívida norte-americana é um indicador vigiado de perto por Washington. A China tem as maiores reservas de divisas do mundo, com cerca de 2,4 trilhões de dólares no fim de dezembro.
As tensões comerciais entre ambos os países tiveram um novo episódio no domingo, quando o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, criticou a "prática de ficar apontando o dedo uns para os outros ou de adotar medidas para obrigar países a valorizar suas moedas".
Wen referia-se ao desejo dos Estados Unidos, reiterado três dias antes pelo presidente Barack Obama, de que a China valorizasse o iuane.
Washington acredita que a desvalorização deliberada do iuane é uma política protecionista, enquanto Pequim a define como "uma importante contribuição à estabilidade financeira mundial".
A dependência do Estado norte-americano aos credores chineses e em particular ao Estado chinês é um tema recorrente na imprensa norte-americana.
"A China é o primeiro comprador de títulos do Tesouro em um momento em que os Estados Unidos têm um déficit recorde no orçamento e precisa que a China siga comprando esses papéis para financiar a dívida norte-americana", afirmou no domingo o jornal New York Times.