Quem ainda não aproveitou os preços baixos da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) tem que apressar o passo. Vence no fim deste mês o prazo estabelecido pelo governo para que as indústrias de automóveis e da chamada linha marrom produzam carros flex e móveis de madeira com desconto de tributos. Depois disso, o consumidor que ainda quiser pagar menos terá de bater perna em busca de liquidações e feirões ou contar com a sorte de encontrar o produto em estoque. Tiveram redução de imposto carros com motorização bicombustível e peças de móveis e painéis de madeira. O impacto desses descontos nos cofres públicos somará R$ 1,52 bilhão. Além desses segmentos, também a indústria de motocicletas sente o peso do fim do alívio fiscal. Até 31 de março, motocicletas de até 150 cilindradas têm garantida a redução de IPI, medida que custou ao governo cerca de R$ 54 milhões enquanto esteve em vigor. Em geral, o benefício serviu para que o consumo não arrefecesse com a crise. Foi o caso da indústria automobilística, que tem uma das maiores cadeias produtivas do Brasil. Qualquer redução nas vendas teria um impacto significativo na economia do país. O ano de 2009 poderia ter sido de perdas para o setor de automóveis não fosse o estímulo fiscal dado pelo governo. ;Em 2008, quase fechamos o ano com 100 mil veículos emplacados em Brasília. Ficou no quase por causa dos últimos meses do ano, que foram bastante ruins. Em 2009, porém, mesmo com o péssimo início, fechamos com 113 mil vendas. E em 2010, mantendo o ritmo atual, vamos bater fácil esse número;, contou o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal (Sincodiv-DF), Ricardo Lima. Histórico O presidente do Sincodiv falou que a alta das vendas nos últimos dias foi tão boa a ponto de ser praticamente certo que o terceiro mês deste ano será o melhor março da história do mercado automobilístico em Brasília. ;Esse mês tem sido muito agitado, com recordes e mais recordes de vendas e até filas de espera. Mas as montadoras estão trabalhando forte para que ninguém fique sem carro;, disse Lima. Quem não quer pagar mais caro, apressa o passo atrás do desconto. ;Fazia pelo menos três anos que pensava em trocar de carro, mas sempre deixava para depois. Agora, com o benefício do IPI acabando, não tem jeito. Vou levar para casa;, adiantou a aposentada Idalina Pereira Cordeiro, 61 anos. O gerente comercial da concessionária Saga Volkswagen, Nelson Aguiar, é só sorrisos quando o assunto é o IPI baixo. ;De fato, não há do que reclamar. Em um dia normal vendemos em média 40 carros. Mas no último sábado, por exemplo, emplacamos 135 veículos;, enumerou. Até quem não pensava em trocar de carro caiu na tentação do IPI baixo. ;Tinha vindo ver um carro com o meu genro e acabei levando um também;, admitiu o comerciante Silvio de Jesus Silva, 54 anos, que teve de esperar até duas semanas para poder levar o carro para casa, tamanha era a procura na concessionária. Segundo disse, os preços mais em conta e a possibilidade de encaixar a prestação no orçamento o convenceram a encarar a compra. Para isso, vai financiar o veículo em 48 meses.
Mais empregos A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a chamada linha marrom (móveis e painéis de madeira) gerou um aumento de produção de tal forma que permitiu ao setor diminuir praticamente pela metade a capacidade ociosa da indústria. Até novembro de 2009, o percentual não utilizado nas fábricas de móveis chegava a 30%. Em fevereiro, porém, esse número havia caído para 16%. ;O benefício do IPI foi uma grande conquista para o nosso setor, que estava em maus lençóis no fim do ano passado. Não fossem as desonerações, teríamos demissões. Com elas, não só mantivemos os empregos como também fizemos contratações;, avaliou o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abmóvel), José Luiz Diaz Fernandez. Segundo contou, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, o setor registrou um aumento nas vendas na ordem de 14%. E ainda pode aumentar. ;Ainda faltam vir os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas acreditamos que esses últimos dias têm sido muito bons para todo o setor;, refletiu. Quem atesta esse bom momento é a vendedora Luanda Veras, 31 anos. ;Qualquer desconto no preço facilita muito a nossa venda. Mas o IPI tem feito a diferença;, reconheceu. Em suas palavras, a alta nas vendas na loja em que trabalha foi bastante forte entre janeiro e março. ;Se fosse chutar, diria que vendi uns 20% a mais nesses meses. E que desse número, entre 5 e 7 (pontos percentuais) foram devido ao IPI;, contabilizou.
Entrevista com o presidente da Abmóvel, José Luiz Diaz Fernandes