Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 27/03/2010 10:18
Os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estão se endividando como nunca. Somente em fevereiro, eles tomaram emprestado R$ 2,12 bilhões, valor 114,3% maior do que o registrado no mesmo mês de 2009. A maioria desse pessoal atingiu o limite máximo de comprometimento dos benefícios, de 30%, com as novas dívidas. O apetite dos tomadores de crédito está baseado na rápida recuperação da economia brasileira e na disposição dos bancos em fisgar o maior número possível de clientes, sobretudo nessas operações, que têm risco baixíssimo.A maior parte do dinheiro tomado por aposentados e pensionistas está indo para o consumo, para satisfazer necessidades básicas. Isso pode ser constatado pelo fato de o grosso dos empréstimos estar concentrados entre aqueles que ganham o piso salarial, que foi reajustado acima da inflação. Segundo o INSS, dois terços dos segurados ; cerca de 18,9 milhões de pessoas ; tiveram, em janeiro último, aumento de 9,67%, com o salário mínimo passando de R$ 465 para R$ 510.
;Para os bancos, o crédito consignado é um manancial, pois as taxas de juros, que podem chegar a 2,34% ao mês, cobrem todos os custos e ainda garantem um bom ganho, com chance mínima de calote, uma vez que há a segurança de se ter o dinheiro no dia certo na conta;, disse um técnico do governo. ;Mas o ideal é que os segurados não partam com tanta sede ao pote. Um negócio sadio, com juros bem abaixo do mercado, pode se tornar um problema. O excesso de endividamento não é bom para ninguém;, alertou.
Também favoreceu o aumento do crédito consignado a elevação, em 10%, do percentual da renda que pode ser comprometida com o pagamento das prestações. Essa decisão foi tomada pelo Conselho Nacional de Previdência Social em abril do ano passado. Até então, os segurados só podiam comprometer 20% do rendimento com as parcelas do crédito consignado. Os outros 10% só poderiam ser usados mediante cartão de crédito, cuja taxa de juros, mais elevada, inibia a tomada de empréstimos.
O Banco Central endossa os dados do INSS e garante que o apetite de aposentados e pensionistas por crédito vem empurrando para cima a taxa de crescimento do consignado. O estoque total das operações com desconto em folha passou de R$ 109,79 bilhões, em janeiro, para R$ 111,61 bilhões no mês seguinte, um incremento de1,6%. Desse total, R$ 26,75 bilhões são devidos pelos segurados da Previdência Social, saldo que aumentou R$ 4,28 bilhões apenas nos dois primeiros meses de 2010.
O número
Disposição
Segundo o BC,
R$ 26,75 bilhões
é o total de débitos dos beneficiários da Previdência