Economia

Governo argentino é autorizado a usar reservas do Banco Central para pagar dívida

postado em 30/03/2010 16:34
Brasília ; Depois de dois meses de enfrentamento e críticas, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, recebeu nesta terça-feira (30/3) autorização para usar as reservas do Banco Central para o Fundo Bicentenário, cujo objetivo é pagar parte da dívida pública do país. A Sala 4 da Câmara de Contencioso Administrativo anulou a medida cautelar que impedia o uso dos recursos. As informações são da Telam, agência oficial de notícias da Argentina.

Porém, a decisão da Câmara de Contencioso Administrativo não menciona a questão do Fundo Bicentenário, apenas anula a medida cautelar, de janeiro deste ano, decidida pela juíza María José Sarmiento.

O ministro da Economia, Amado Boudou, informou que parte das reservas excedentes de livre disponibilidade será usada para pagar os credores internacionais e as agências multilaterais de crédito. ;É uma fonte de financiamento por intermédio da emissão de uma carta de crédito, no período de dez anos, como ocorreu em 2006, do Tesouro Nacional ao Banco Central;, disse ele.

Segundo Boudou, em 2006, foram usados 30% do total de reservas do Banco Central do total equivalente a 100% do excesso de reservas de livre disponibilidade. Uma das propostas prevê o uso de 18% das reservas totais, equivalentes a 30% das reservas de livre disponibilidade.

O ministrou descartou, durante sessão no Congresso Nacional, que o governo de Kirchner pretenda ;tomar medidas de ajuste; como as já definidas em outras ocasiões no país para assegurar o pagamento da dívida externa.

Em janeiro, a Cristina Kirchner entrou em choque com o então presidente do Banco Central, Martín Redrado, justamente porque pretendia usar as reservas da instituição. Redrado era radicalmente contra isso e, então, a presidente o demitiu por decreto.

Logo em seguida, a demissão e o uso das reservas foram suspensos por ordem da juíza María José Sarmiento. O assunto gerou um impasse e está no centro da disputa entre o governo e a oposição, envolvendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O desgaste político e as frequentes discussões levaram Redrado a renunciar ao cargo.

No último dia 19, de acordo com informação da BBC Brasil, a juíza denunciou que estava sendo perseguida por integrantes do governo por causa da sua decisão judicial contrária a Kirchner.

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