Economia

Preços dos serviços vão pressionar a inflação, prevê economista da FGV

postado em 07/04/2010 19:10
Brasília - A alta no preço dos alimentos é transitória e não deverá provocar impactos na inflação até o fim do ano. Em contrapartida, a subida gradual do preço de serviços e o reajuste de tarifas de ônibus pressionarão os índices para cima nos próximos meses. A avaliação é do economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz.

De acordo com ele, a revisão para cima da projeção de inflação pelo Banco Central está muito mais relacionada ao aquecimento da economia do que com o preço dos alimentos in natura. Ele ressalta que a alta do preço dos serviços ; como consertos de automóveis e restaurantes ; se espalhou por diversos setores da economia por causa do aumento da demanda provocado pelo maior poder aquisitivo.

;De uns meses para cá, os preços dos serviços, que em geral são estáveis, começaram a subir de forma contínua;, destaca. ;Com a economia aquecida e a massa salarial maior, aumenta a procura por bens e serviços em várias categorias.;

Na semana passada, o Banco Central anunciou ter revisado para 5,2% a projeção para a inflação oficial em 2010, quase um ponto percentual acima do centro da meta de 4,5%. Anteriormente, a instituição previa que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerraria o ano em 4,6%.

Para André Braz, o reajuste de tarifas de ônibus em várias capitais também contribuiu para o repique da inflação no primeiro trimestre. ;Os aumentos nos transportes públicos são permanentes e também têm impacto permanente na inflação, ao contrário dos alimentos, cujos preços sobem em alguns meses, mas caem em outros;, afirma.

O economista da FGV reconhece que os preços dos alimentos influenciaram muito mais a inflação no primeiro trimestre que os serviços e as tarifas públicas. As chuvas intensas durante o verão e a alta internacional na cotação do açúcar contribuíram para que os reajustes fossem expressivos no início do ano. Apesar disso, ele não acredita que esse efeito será duradouro.

;Os preços de serviços têm influência menor nos índices mês a mês. Mas, ao longo dos meses, o impacto tem sido significante;, avalia.

Em março, segundo a FGV, a inflação do grupo alimentos pelo Índice de Preços Semanal (IPC-S) foi de 2,6%. O principal vilão foi o tomate, que registrou aumento de 51,15% apenas no mês passado.

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