Economia

Pão de Açúcar perde quase 5% do valor após Casas Bahia pedirem para rever fusão

Vera Batista
postado em 14/04/2010 08:50
A fusão entre o Grupo Pão de Açúcar e as Casas Bahia, anunciada no final de 2009, prometia ser um negócio bom para as duas partes. Surpreendeu os analistas, naquele momento, e mexeu com o varejo brasileiro. No entanto, pouco mais de quatro meses após o negócio, veio a público que as bases estão menos firmes do que se imaginava. E que podem fazer água. O impacto no mercado de ações foi desastroso. Os papéis do grupo Pão de Açúcar despencaram ao longo do dia. De R$ 62,10 negociados da abertura do pregão, bateram em R$ 58,32 - uma queda de 6,48% - ao longo do dia. A queda livre ocorria quando o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, subia 0,5%. No fechamento do mercado, a baixa do Pão de Açúcar chegou a 4,98%. [SAIBAMAIS]Ontem, o grupo divulgou fato relevante confirmando a renegociação do acordo. Foi o máximo que os dois lados se limitaram a informar. As empresas preferiram não falar sobre o assunto. Informaram apenas, em nota, que a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) e Globex Utilidades S.A. - holdings das Casas Bahia e Pão de Açúcar - têm a intenção de rever a associação celebrada em dezembro de 2009. Caso a fusão seja desfeita, na avaliação de Luiz Roberto Monteiro, assessor de Investimentos da Corretora Souza Barros, o Pão de Açúcar será o maior prejudicado. "Perde o poder de negociação frente a concorrentes, como Walmat e Carrefour, por exemplo, e também com os fornecedores", disse. A perda é mais significativa, quando contrastada com os ganhos advindos após o fechamento do negócio. Nos cálculos de Demetrius Borel Lucindo, economista da Corretora Prosper, o impacto negativo é ainda maior. "Quando do anúncio da fusão, o preço da ação era de R$ 53,20. Em janeiro, chegou a R$ 68,40, uma alta de 28,5%. E de ontem (onteontem) para hoje (ontem), o descasamento chegou a 9,2%", disse. Sinergias Pelos termos do acordo inicial, as operações das Casas Bahia seriam integradas à Globex (Ponto Frio) - adquirida pelo Pão de Açúcar em junho - e às lojas Extra-Eletro, do conglomerado do empresário Abílio Diniz. Após a conclusão da transação, o Pão de Açúcar teria 50% das ações ordinárias da Globex mais uma, enquanto os donos das Casas Bahia deveriam ficar com 49% do capital votante. No fim de março, o presidente executivo da empresa, Enéas Pestana, disse que os detalhes da captura de sinergias seriam conhecidos até o fim de abril. "As duas empresas estão indo bem e não há pressão para acelerar o processo. Mesmo tomando mais tempo do que gostaríamos, vamos agir no tempo certo para não perder valor", afirmou, na ocasião. Na sexta-feira, contudo, Pestana adiou a divulgação das informações para maio.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação