postado em 14/04/2010 16:34
Cairo (Egito) ; Os empresários brasileiros que desembarcaram nos países muçulmanos no último dia 12 sabem que vão lidar com mercadores históricos, que guardam as tradições mais antigas do comércio, e que, por isso, têm um estilo peculiar para fechar negócios. Na missão empresarial, liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, os 86 empresários conversam com iranianos, egípcios e libaneses, cuja fama se baseia em vencer o interlocutor pela paciência. Hoje, os empresários brasileiros estão na capital do Egito.Conhecidos pela habilidade comercial, estes povos também mantêm o estilo de negociar por etapas, primeiro deixam o vendedor apresentar o produto, depois reclamam do preço e tentam regatear. Por fim, contam longas histórias e gastam tempo para garantir o valor que querem pagar.
;Eles, tanto os persas, como os árabes, são muito bons negociadores. Não é fácil. A gente tem de ser firme e mostrar o profissionalismo;, disse Gerson Sampaio, engenheiro e físico que atua na área de geradores de energia. ;Em geral, eles pensam que a gente quer fazer o negócio rápido, mas esquecem que nós aprendemos com eles a jogar com o tempo a nosso favor e também a negociar.;
Com mais de 30 anos de experiência em comércio exterior pelo Oriente Médio e a África, o empresário Paulo Amanthea, que trabalha no setor de construção civil, contou ter aprendido com os árabes e persas que, jamais, o primeiro preço é o valor final de uma compra. ;Se eles disseram ;amanhã; ou ;queira Deus; é sinal de que a negociação ainda não está encerrada e é preciso gastar muita conversa;, contou. ;O segredo é ter paciência e mostrar que você não é vencido fácil.;
De acordo com os empresários, o negócio com persas e árabes também deve ser realizado com respeito às tradições e costumes locais. Segundo os brasileiros, estes povos apreciam receber brindes, mas devem ter características bem definidas ; algo masculino e nada que possa ser dado à mulher do comerciante local. A lista de presentes favoritos inclui as facas, os facões e os canivetes.
A missão empresarial saiu do Brasil no último domingo (11/4) e a visita será encerrada no sábado (17/4) passando pelo Irã, o Egito e o Líbano. No ano passado, as exportações brasileiras para esta região atingiram cerca de US$ 3 bilhões, enquanto as importações alcançaram US$ 110 milhões. O objetivo da viagem é tornar o Brasil um parceiro comercial atrativo para estes países que apresentam estimativas positivas de crescimento econômico para 2010.