postado em 14/04/2010 20:36
Brasília - As preocupações do Brasil, tradicionalmente, sempre se direcionaram ao mercado interno mas, agora, é impossível pensar em trajetórias de longo prazo - tendo em vista o avanço da economia brasileira, o seu grau de abertura e a sua inserção internacional - sem levar em consideração grandes os desafios que surgem com a formação do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).A opinião é de Renato Baumann, representante da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) no Brasil. Ele participou, na tarde desta quarta-feira (14/4), da reunião em que o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) procura definir o papel do Bric na transformação do mundo pós crise econômica. O encontro ocorre em Brasilia até esta quinta (15/4).
Ele apresentou os resultados de projeto elaborado pela Cepal e pelo Ipea sobre o comércio entre o Brasil e os demais integrantes do Bric. O que surge desses resultados são detalhes que alertam a economia brasileira em suas relações com a Rússia, Índia e China.
Baumann disse, em entrevista à Agência Brasil, que "este é um momento de definições de políticas, trajetórias e sinalizações para os agentes econômicos. Na composição da pauta da economia brasileira, como já é sabido, há uma distorção em termos do Brasil exportador de produtos básicos e importador de manufaturas. Há, também, indicadores de uma competitividade mais reduzida, no caso do Brasil, em comparação sobretudo com a China e a Índia"
[SAIBAMAIS]O Brasil, segundo Baumann, mostra um discurso e uma prática política de intensificação de seus vínculos com os outros países do Bric, ao mesmo tempo em que participa do G20 e de grupos de reforma financeira e negociações comerciais. "Esta superposição de desafios é que deve ser tratada e equacionada da maneira mais eficiente possível", disse.
Segundo o representante do Ipea, "temos a felicidade de estar em um ano eleitoral, um momento em que as dimensões assumidas pelo Brasil são cada vez mais nítidas. Provavelmente, pela primeira vez em nossa história, temas relacionados ao setor externo devem ir para o debate político".
A partir do momento em que a sigla Bric entrou em cena, disse Baumann, surgiu a necessidade de se construir vínculos entre os quatro países e alguma institucionalidade em suas relações. "As reuniões de cúpula são um esforço nesse sentido. Todos sabem que, individualmente, os quatro países do Bric são muito importantes. A soma deles deve ser algo mais importante ainda. O desafio é reunir os quatro países para transformar o Bric numa ferramenta de influência no cenário internacional".