Agência France-Presse
postado em 15/04/2010 11:36
A China registrou no primeiro trimestre de 2010 um impressionante crescimento de quase 12% em ritmo anual, que levou alguns analistas a alertar para o risco de reaquecimento da economia e a prever novas pressões sobre as taxas de juros e sobre a moeda do país.
A China, cuja economia desacelerou por causa da crise mundial, recuperou um crescimento de dois dígitos no último trimestre de 2009 ( 10,7% frente ao mesmo período de 2008). A tendência se acelerou no primeiro exercício de 2010, com um aumento de 11,9% do Produto Interno Bruto (PIB), anunciou nesta quinta-feira o Departamento Nacional de Estatísticas.
"Existem riscos de reaquecimento", afirmou o analista Stephen Green, da Standard Chartered.
"A chave residirá na capacidade das autoridades para orientar a economia por via de um desenvolvimento mais duradouro e evitar que uma inflação generalizada ou um estouro de bolhas de ativos no segundo semestre provoquem uma desaceleração em 2011", acrescentou.
O forte crescimento anunciado nesta quinta-feira (15/4) pode ser explicado, no entanto, pelo fato de que o ponto de comparação é o primeiro trimestre de 2009, quando a economia chinesa, afetada pela crise mundial, cresceu 6,2%. A taxa pode parecer invejável para qualquer economia ocidental, mas é fraca para o gigante asiático.
Por isso Mark Williams, analista da Capital Economics, modera a preocupação de outros especiais.
"À primeira vista, os números sugerem um reaquecimento. Mas a aceleração se deve totalmente à fragilidade de um ano atrás. Mas a aceleração em ritmo anual se deve totalmente à fragilidade de 12 meses atrás. Em termos trimestrais, o crescimento continuou desacelerando", explicou.
A inflação, negativa em 2009, foi de 2,2% entre janeiro e março deste ano, mesmo assim segue abaixo do limite de 3% fixado pelo governo para 2010.
"Continuamos tendo muita dificuldade para nos manter no objetivo de uma inflação inferior a 3%, mas acho que isso está a nosso alcance", afirmou o porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas, Li Xiaochao.
A Moody's Economy.com assinala, por sua parte, que os investimentos em bens de capital, o crédito bancário e a massa monetária tiveram uma desaceleração em março.
"Isso demonstra que as medidas de controle impostas pelo governo começam a surtir efeito, o que é um sinal positivo que sugere uma diminuição do risco de reaquecimento", enfatizou o economista dessa agência, Alaistair Chan.
Liu Xiaochao elogiou a tendência geral: "O ritmo da recuperação se acelerou, o que é uma boa base pra alcançar os objetivos do ano", afirmou.
Como nos anos anteriores, o governo chinês se fixou como objetivo um crescimento do PIB de 8% em 2010.
Este objetivo foi superado no ano passado (8,7%), apesar de, segundo as autoridades, o ano de 2009 ter sido o mais difícil do novo século.