postado em 16/04/2010 08:48
Temendo um descontrole ainda maior da inflação, o governo decidiu estender, mais uma vez, o prazo de vigência da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para materiais de construção civil. A ideia é evitar que o consumidor antecipe a compra desses itens para aproveitar os preços baixos, o que geraria uma pressão cada vez mais forte no consumo. A medida, que vale até dezembro, diminui a munição que o Banco Central (BC) pretende usar para aumentar os juros já na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), nos dias 27 e 28 deste mês.Na visão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, qualquer contribuição que a política fiscal puder dar neste ano para reduzir o superaquecimento da economia será importante para evitar uma alta ainda maior dos preços, contribuindo para evitar um choque de juros. "Com o prazo de validade do incentivo chegando ao final, há uma concentração de pedidos, o que atrapalha e aumenta os preços", disse. Segundo Mantega, a isenção será estendida até 31 de dezembro para que se possa ;desafogar essa pressão que está havendo no setor".
Até agora, a ajuda da Fazenda se resumia em retirar os estímulos. A diferença é que a extinção dos benefícios dados anteriormente tinha como objetivo conter o consumo mais forte. Com os materiais de construção, ocorre o contrário. Como muita gente decidiu antecipar as compras, houve um excesso de procura, estimulando a alta de preços.
A desoneração de produtos como o cimento ajuda os investimentos, diminuindo a possibilidade de uma inflação de demanda. Além do cimento, outros itens de construção tiveram alíquotas zeradas, como tintas, vernizes, ladrilhos, válvulas e revestimentos. A queda na arrecadação causada pela medida, segundo cálculos da Receita Federal, será de aproximadamente R$ 723 milhões. O impacto fiscal foi estimado no período de junho, quando acabaria a isenção, até dezembro.
Investimentos Avançados
A mudança na forma de cálculo do preço do minério de ferro deve provocar o adiamento de investimentos, alertaram ontem empresários do setor siderúrgico, durante o 21; Congresso Brasileiro do Aço. Segundo o presidente da Arcelor Mittal, Lakshni Mittal, o segmento não está preparado para absorver o reajuste de até 100% no preço do insumo e a alteração na frequência de reajuste de anual para trimestral, impostos pelas principais mineradoras do mundo, entre elas a Vale. "O modelo de negócios vai ter que mudar para os nossos clientes", disse. Como o minério tem peso significativo na produção de aço, a instabilidade do preço expõe as siderúrgicas às oscilações do mercado e a fornecedores não confiáveis, argumentou o executivo. Esse cenário, porém, não afetou os investimentos da companhia no Brasil, que deve chegar a US$ 5 bilhões nos próximos anos. (Karla Mendes)