postado em 20/04/2010 12:02
Brasília - O diretor da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa, defende que o suprimento de energia para o desenvolvimento do país passa ;necessariamente; pela construção de novas usinas hidroelétricas.;O fato é que o desenvolvimento do país e o suprimento energético necessário passa necessariamente pela construção de novas hidrelétricas. É claro que sempre há impactos ambientais numa obra desse porte;, disse em entrevista à Agência Brasil.
Na avaliação do ex-presidente da Eletrobras, houve, no entanto, ;uma certa falta de competência; do governo federal na construção de um pacto em torno da necessidade da construção da hidroelétrica de Belo Monte. Duas subsidiarias da Eletrobras disputam a licitação para a construção da Usina de Belo Monte ; cujo leilão seria realizado nesta terça-feira (20/4), mas está suspenso por decisão judicial.
;Houve uma certa falta de competência do governo em fazer um pacto com os grupos e movimentos sociais e ambientais. Há a questão das terras indígenas, um complicador. Havia e há a necessidade de se chegar a um acordo com eles. As condições de vida na região são muito precárias em geral e tem muito que se fazer. Isto também não foi bem resolvido. A princípio, eu sou a favor [da construção de Belo Monte], mas com essa ressalva;.
Luiz Pinguelli Rosa disse que também concorda com as posições defendidas pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, e pelos últimos dois ministros de Minas e Energia (Silas Roundeau e Edison Lobão) de que o país tem que optar por qual tipo de energia prefere na continuidade do seu modelo energético: as hidrelétricas (com menos impacto ambiental e proveniente de uma fonte mais limpa), a água, ou a obtidas de fontes não tão limpas e, em geral utilizando combustível fóssil ; como o carvão e o óleo combustível.
;Se você não tiver as hidrelétricas, outras usinas, utilizando outras fontes, serão feitas. E pelo andar da carruagem tenderão majoritariamente ser usinas termelétricas, a partir do carvão, do gás, do óleo combustível. O fato é que esse impasse ambiental tem levado a um crescimento grande da participação do combustível fóssil na nossa matriz energética.;
[SAIBAMAIS]Segundo Pinguelli Rosa, é ;uma utopia; pensar que é possível atender ao crescimento da economia brasileira a partir do aumento da oferta de energias alternativas ; como a eólica e a solar. ;É muito difícil que isso possa ocorrer. Elas podem ter uma participação, um papel maior do que tem hoje, mas nunca cobrirão toda a oferta de geração que propiciará Belo Monte, por exemplo. Seria impossível.;
Para Pinguelli, porém, o governo tem a obrigação de respeitar e ouvir os ambientalistas. ;Acho que os ambientalistas devem ser respeitados. Acho que o governo deve responder a todas as perguntas e questionamentos deles, mas eu não vejo, a princípio, um impedimento maior em fazer essa usina [de Belo Monte]. Ela não inunda muito. O problema é, inclusive, o contrário: a redução da água em grande parte do Rio [Xingu], mas isso pode ser evitado com condições restritivas na operacionalização da usina. Então, há solução.;