Economia

Inflação ainda preocupa BC

postado em 21/04/2010 08:32
Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que definirá o aumento da taxa básica de juros (Selic) o Banco Central recebeu uma boa notícia: o arrefecimento da inflação. O Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) caiu de 0,98% para 0,5% na segunda prévia de abril. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo ; 15 (IPCA-15) seguiu a mesma tendência e também perdeu força: de 0,55% em março para 0,48% neste mês, apesar da disparada dos preços dos alimentos. O alívio no bolso só foi possível em função dos combustíveis, que, na média, ficaram 3,08% mais baratos. Com o desempenho desses indicadores, analistas acreditam que o BC pode ser mais moderado na semana que vem, quando deve iniciar o processo de aperto monetário.

Na avaliação do economista Eduardo Otero, da Um Investimento, os dois indicadores deixam o Banco Central mais à vontade para começar o ajuste da Selic por 0,5 ponto percentual. "Seria melhor 0,75, número um pouco mais seguro, caso a inflação se fortaleça mais à frente", disse. Os dados do IPCA de abril ficaram dentro das expectativas do mercado. Mas ainda que tenha havido desaceleração, itens importantes no consumo do brasileiro registraram altas expressivas, como o gasto com empregados domésticos, que ficou 1,6% mais alto em relação a março, refletindo ainda o reajuste do salário mínimo no início de 2010. A alimentação também ficou mais pesada, com alta de 1,71% no mês ; 0,49 ponto percentual maior que o registrado na avaliação passada, o que elevou a inflação do grupo para 4,79% em 2010.

Conturbado

"O recuo do IPCA é uma informação positiva. Estamos observando também esse arrefecimento no núcleo da inflação, mas isso não pode tranquilizar o BC. O cenário ainda está muito conturbado, com muita pressão em preços importantes", afirmou Flávio Serrano, economista do Banco BES, do Espírito Santo. O núcleo de inflação, citado pelo economista, é o índice de preços sem a presença de influências momentâneas, como as chuvas deste início de ano que atrapalharam a produção no campo e reduziram a oferta de alimentos. Neste mês, o núcleo ficou em 0,39%, taxa que, se anualizada, deixará a inflação de 2010 em 4,78%, bem próxima do centro da meta definida pela política monetária.


Construção elevou preços

Segundo especialistas, a inflação já está disseminada por boa parte dos preços em função da forte demanda no mercado doméstico: caso dos materiais de construção, que tiveram a isenção de Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI) prorrogada até dezembro para evitar aumento de custos devido a grande procura por esses produtos. A demanda no setor está tão intensa que, apenas em março deste ano, foi registrado um crescimento de 25,87% nas vendas frente a igual mês de 2009. No primeiro trimestre do ano, o desempenho também foi positivo, com avanço de 19,9%, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). O número de contratações também se ampliou, com aumento de 3,21% em relação a fevereiro. Todo esse aquecimento já se reflete no custo de alguns produtos ; o tijolo, por exemplo, ficou 2,14% mais caro em abril. (VM)

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