Agência France-Presse
postado em 21/04/2010 13:32
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a previsão de crescimento mundial, a 4,2% em 2010 contra 3,9% calculados em janeiro, mas advertiu para os riscos que ainda pesam sobre a recuperação, em particular a dívida pública dos países desenvolvidos e os desequilíbrios nos fluxos de capital.Depois de ter retrocedido 0,6% em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) do planeta deve crescer 4,2% este ano, uma previsão que o FMI qualificou de "similar" à precedente, publicada em janeiro e que era de 3,9%.
"A recuperação da economia mundial evolui melhor que o previsto", destaca o Fundo.
"A atividade se desenvolve a ritmos diferentes, timidamente nos países desenvolvidos, mas vigorosamente na maior parte dos países emergentes e em desenvolvimento", afirma o relatório da instituição.
O crescimento deve ser muito lento na Europa (1,0% na zona euro, 1,3% no Reino Unido) e no Japão (1,9%). Mas será estimulado em nível mundial sobretudo pelos países emergentes e em desenvolvimento (6,3%), com a Ásia à frente (8,7%, dos quais 10% corresponderá a China)
Neste contexto, o FMI se mostra preocupado com as consequências sobre os fluxos de capital.
"As estimativas dos economistas do FMI mostram que os desequilíbrios das contas correntes aumentaram consideravelmente com a recuperação do comércio mundial, a melhoria nas condições de financiamento e a estabilização dos preços das matérias primas em níveis muito elevados", destacou a instituição.
Por outro lado, o Fundo insiste sobre outros riscos para o crescimento mundial: o aumento da dívida pública dos países desenvolvidos.
Com a recomendação de manutenção das políticas de estímulo em 2010, o FMI considera que "um grande número de países devem adotar com urgência estratégias confiáveis a médio prazo para limitar o endividamento público e depois levá-los a níveis mais prudentes".
A economia americana crescerá este ano a uma inesperada taxa de 3,1%, ressaltou o Fundo Monetário Internacional, que, apesar disso, advertiu que Washington deve se esforçar para sustentar a frágil recuperação ante sua enorme dívida.
O FMI indicou que "a recuperação está em andamento" na principal economia do mundo, impulsionada sobretudo pelos gastos do governo, ao revisar para cima em meio ponto percentual o crescimento dos Estados Unidos para 2010.
Mas o organismo multilateral advertiu em seu relatório semestral de previsões econômicas que, embora a demanda "suave" dos consumidores e empresas impulsione a recuperação, o estímulo do governo não pode se prolongar indefinidamente devido aos elevados níveis da dívida.
O Fundo manteve em 1% a previsão de crescimento econômico da Zona Euro para 2010, mas reduziu de 1,6% a 1,5% a projeção para 2011, ao mesmo tempo que alertou sobre a situação orçamentária da Grécia e os riscos de contágio.
As diferenças entre os 16 países membros da zona euro são notórias.
Grécia, Espanha e Irlanda permanecerão em recessão em 2010, enquanto os demais sócios terão um Produto Interno Bruto (PIB) em alta, mas com uma recuperação lenta.
Na Alemanha ( 1,2% em 2010) e na França ( 1,5%) a recuperação será limitada pelo forte índice de capacidade industrial ociosa, que afeta os investimentos, assim como pelas dificuldades para obter créditos e pelo consumo pouco dinâmico em consequência dos altos índices de desemprego.
"Diversas forças travam o crescimento na Europa", destaca o FMI, que cita em primeiro lugar a crise grega.
As preocupações dos mercados com a solvência financeira da Grécia, país que enfrenta um déficit orçamentário e uma dívida pública de grande magnitude, "correm o risco, caso não sejam controladas, de transformarem-se em uma crise da dívida soberana em todo o sentido da palavra", que será "contagiosa", adverte o Fundo.
Já para o Brasil, a instituição prevê um crescimento de 5,5% em 2010, mas adverte que o governo deve prestar atenção particularmente nos riscos de que um reaquecimento se transforme em preocupação.
A instituição prevê um crescimento de 4,1% para o conjunto da América Latina no ano e em 2011. Segundo o Fundo, a região é uma das que demonstra melhor recuperação da pior crise econômica desde a II Guerra Mundial.
A respeito do Brasil, o FMI destaca em seu relatório semestral que o país parece estar perto do ponto no qual as pressões inflacionárias estão crescendo e, por este motivo, o Fundo sugere uma política monetária "ágil" e pronta para a reação.
Nas previsões divulgadas nesta quarta-feira, o FMI projeta ainda um crescimento de 4,1% para o Brasil em 2011.
Por fim, o Fundo Monetário Internacional considerou "essencial" que a China deixe que sua moeda, o yuan, se valorize e prevê que o gigante asiático voltará a ter em 2010 e 2011 dois anos de forte crescimento econômico, nas previsões semestrais.
O FMI afirma que o yuan está "claramente" desvalorizado e aumentou a pressão para que as autoridades chinesas permitam uma valorização da moeda, com o objetivo de dinamizar o comércio internacional com o aumento das importações do país de maior população do planeta, que disputa com o Japão o posto de segunda economia mundial.
"Esta valorização é essencial por causa do importante papel da China no mercado mundial", destaca o FMI nas previsões semestrais.
O Fundo calcula que o PIB chinês crescerá 10% em 2010 e 9,9% em 2011. A instituição conclui que um yuan mais forte será benéfico tanto para a China como para dinamizar a recuperação da economia mundial.