Agência France-Presse
postado em 23/04/2010 11:08
A Grécia pediu nesta sexta-feira (23/4) a ativação do mecanismo de ajuda FMI-União Europeia, o que, segundo o primeiro-ministro grego Giorgos Papandreou, é uma necessidade nacional.Em uma reação imediata, o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, prometeu sexta-feira responder rapidamente ao pedido de ajuda financeira da Grécia, confrontada com uma crise orçamentária sem precedentes, segundo comunicado da instituição.
Papandreou fez o anúncio pela televisão, pouco antes da viagem a Washington de seu ministro das Finanças, Giorgos Papaconstantinou, que se encontrará sábado com o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn.
"A ativação de mecanismo é uma necessidade nacional, e por essa razão ordenei ao ministro das Finanças que faça todas as gestões necessárias", declarou Papandreou.
O desbloqueio da ajuda financeira da UE-FMI levará alguns dias, afirmou Papaconstantinou em coletiva de imprensa após anúncio de Papandreu.
Ele, no entanto, descartou que seu país, que deve encontrar nove bilhões de euros antes do final de maio, vá ter dificuldade de financiamento enquanto não chegar o dinheiro.
O plano de ajuda à Grécia, da zona euro e do FMI, prevê a concessão de empréstimos de 45 bilhões de euros (US$ 60 bilhões) com juros de 5%.
Segundo o procedimento previsto, a Comissão e o Banco Central Europeu (BCE), a quem o ministro das Finanças grego pediu oficialmente a ativação do mecanismo, avaliarão se o pedido está justificado.
Em um segundo momento, os 16 ministros das Finanças dos países da Eurozona devem dar seu consentimento, o que, a princípio, será um mero trâmite, já que acertaram o mecanismo em 11 de abril passado.
"Tudo será feito de maneira rápida e eficaz", assegurou o porta-voz da Comissão, Amadeu Altafaj. "Não prevemos nenhum obstáculo", afirmou.
O governo alemão, que será o principal contribuinte e que durante um tempo foi contrário ao plano de resgate, se disse "disposto a atuar imediatamente" a favor da Grécia.
O anúncio feito por Papandreou teve um efeito imediato sobre os interesses dos bonos gregos em dez anos, que baixaram nesta sexta a 7,985%, depois de pulverizar na quinta todos s recordes, a mais de 8,7%.
Uma missão conjunta da Comissão, do BCE e do FMI negocia desde quarta em Atenas as modalidades da ajuda, prevista ao longo de três anos. Para 2010 o plano prevê que a UE dê a Atenas, em forma de empréstimos bilaterais, 30 bilhões de euros com um juros em torno dos 5%. O FMI dará outros 15 bilhões de euros.
A Grécia, cuja dívida pública chega a 115,1% do PIB, deve reembolsar 30 bilhões de euros até o final do ano a seus credores.
A pressão aumentou fortemente na quinta, depois que o escritório europeu de estatísticas, o Eurostat, revisou o déficit orçamentário grego de 2009 em alta, cifrando-o em 13,6% do PIB. A moeda comum, o eu, se viu também castigada e caiu a seu nível mais baixo em um ano.
Segundo Angelos Tsakanikas, economista chefe do think-tank patronal Iobe, o governo grego não podia esperar mais, inclusive levando em conta "o difícil que era para Papandreou recorrer ao FMI, que até agora foi demonizado".