Economia

Regulamentação dos cartões é bem vista por lojistas e consumidores

postado em 29/04/2010 08:10
Apesar da demora do governo em colocar rédeas nos cartões de crédito, consumidores e lojistas receberam bem a proposta de regulação do setor pelo poder público. Eles alimentam expectativas de juros e custos menores, além de mais transparência nas tarifas e faturas. Esperam também que as novas regras não fiquem somente na promessa e que as punições para os casos de irregularidade sejam rigorosas. A nova era do dinheiro de plástico também deve tirar dos cartões a liderança no ranking de reclamações dos Procons, já que as administradoras ficarão sob a lupa criteriosa do Banco Central.

De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o empresariado ficou animado com as medidas anunciadas e agora o presidente da entidade, Roque Pellizzaro, quer uma audiência com o BC e o Ministério da Justiça para elencar aquilo que ele chama de ;distorções; na indústria de cartões de crédito. ;Estamos muito animados, mas o Banco Central ainda precisa dar uma evoluída na amplitude dessa regulamentação;, disse. Pellizaro pede a redução do tempo de espera entre o dia em que o cliente leva o produto e a data em que o dinheiro do cartão de crédito chega às mãos do comerciante. Hoje, aguarda-se cerca de um mês. O lojista quer ainda uma atuação mais forte do poder público sobre as empresas que controlam as máquinas de cartão, como a Cielo e a Redecard.

Para a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Ione Amorim, a despeito de toda a euforia com a possibilidade de alívio para o bolso de clientes e comerciantes, as novas regras ainda não estão em vigor e é preciso ficar atento às
armadilhas dos cartões(1). ;Essa regulamentação vai contribuir para que o consumidor tenha uma melhor condição para reivindicar seus direitos, principalmente contra cobranças indevidas. Por enquanto, ainda é preciso ficar atento e, em caso de algum problema, procurar os órgãos de defesa do consumidor;, sugeriu.

Conferência
A autônoma Luzia Cordeiro de Moraes, 43 anos, não hesita em ligar para as operadoras dos seus cartões e dar queixa no Procon sempre que percebe algo estranho na fatura. ;Controlo meu cartão porque sou preocupada. Confiro tudo. É preciso guardar todos os comprovantes, porque senão fica impossível provar que a operadora está errada;, ensinou. A consumidora reconhece que usa muito o cartão e, por isso, ele já até se tornou um vício. ;Compro até o que não preciso. Com os juros tão altos e todas as tarifas, essa regulamentação é muito necessária;, opinou.

O contador Francisco Almeida, 50 anos, também apoia um controle mais efetivo sobre o setor e alerta que as regras devem ser implementadas com rapidez, principalmente porque, em sua opinião, o brasileiro entende o cartão de crédito como uma extensão da renda e não como uma opção de financiamento. ;A maioria das pessoas paga juros absurdos. Eu mesmo já bati muita cabeça por conta de cartão. Hoje, eu tenho três, mas sou muito controlado e não tenho mais problemas. Ter regras para o setor é ótimo, só acho que poderia ter acontecido antes;, disse Almeida. Ele disse esperar mais transparência em relação às faturas e às tarifas.

1 - Bola de neve
A dica para quem usa muito o cartão de crédito, segundo a economista Ione Amorim, do Idec, é nunca pagar somente o valor mínimo da fatura, já que essa parcela geralmente sequer cobre os juros mensais e transforma o rotativo em uma bola de neve. Para quem já está nessa situação, a sugestão é procurar financiamento de uma linha de crédito mais barata que a do cartão e usar o dinheiro para quitar a dívida integralmente.

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