postado em 30/04/2010 07:41
O plano internacional de ajuda à Grécia ficará pronto em breve, anunciou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, o que serviu para acalmar os mercados financeiros de todo o mundo. Mas o socorro está condicionado a um duro plano de ajuste fiscal, que está enfrentando forte rejeição da população grega, pois sinificará arrocho nos gastos do governo. A Grécia está discutindo um pacote de resgate de até 135 bilhões de euros.Uma autoridade sindical disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu à Grécia que elevasse impostos, descartasse os bônus equivalentes a dois meses extras de salários aos servidores públicos e congelasse os rendimentos desses funcionários por três anos. ;É um acordo fechado;, afirmou Ilias Iliopoulos, secretário-geral do sindicato do setor público da Grécia ( Adedy), depois de ter se reunido com o primeiro-ministro George Papandreou. Fontes próximas às negociações disseram que as autoridades devem anunciar detalhes de um acordo de três anos até a segunda-feira.
[SAIBAMAIS]Ontem à noite, em Atenas, a polícia usou até gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que tentavam chegar ao Ministério das Finanças, no centro da cidade, para protestar contra as medidas de austeridade fiscal. Os confrontos começaram quando o grupo passava diante do Parlamento grego.
Ativistas começaram a atirar garrafas de plástico nos policiais que responderam com gás lacrimogêneo. Os manifestantes vandalizaram pontos de ônibus próximos, dispersando-se em seguida. O protesto foi convocado pelo pequeno partido de esquerda Syriza, representado no Parlamento, mas oposto ao governo socialista de Papandreou.
;As conversas estão difíceis;, disse o porta-voz do governo, George Petalotis, sobre as reuniões com o FMI, o Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia. ;Ninguém pode garantir nada, nós sabemos o quão difícil é a situação do país.; O acordo, que parece descartar uma suspensão de pagamentos a curto prazo, ;sairá nos próximos dias;, segundo Papandreou, e deverá consistir de um programa plurianual de ajuste orçamentário e estrutural. O objetivo é reduzir o elevado deficit fiscal do país (13,6% do PIB em 2009) e a dívida pública (115,1%).
Contágio
O risco de contágio para outros países muito endividados na Zona do Euro, como Portugal e Espanha, parece ter convencido os dirigentes europeus mais reticentes a ajudarem a Grécia, especialmente os alemães. Ontem, o governo da Espanha pediu calma após o anúncio da Standard & Poors rebaixando a nota da dívida de longo prazo do país. As autoridades disseram não compartilhar das previsões macroeconômicas da agência, de crescimento médio anual de 0,7% no período 2010-2016. ;A previsão está claramente abaixo das estimativas feitas não apenas pelo governo, mas pela maioria dos analistas;, declarou José Manuel Campa, secretário de Estado de Economia.
Bovespa sobe 1,98%
Vera Batista
As bolsas de valores tiveram ontem um dia de relativa tranquilidade, após a turbulência causada pelo rebaixamento das notas dos títulos de dívida da Grécia, de Portugal e da Espanha pela agencia de classificação de risco Standard & Poor;s. O índice da Bolsa de São Paulo acompanhou o resto do mundo e fechou em alta de 1,98%, a 67.978 pontos. Os investidores repercutiram a decisão do Banco Central, que elevou a taxa básica de juros (Selic) de 8,75% para 9,50% ao ano.
;A bolsa americana fechou em alta e com a Bovespa não poderia ser o contrário. Quanto ao que aconteceu na Grécia, não foi surpresa. As notícias de Portugal e Espanha também não foram tão ruins assim. Tudo isso desencadeou uma realização de lucros. Aqui, no Brasil, tivemos boas notícias. O cenário ainda não pode ser considerado otimista, mas segue sem transtornos;, avaliou Demetrius Borel Lucindo, economista da Corretora Prosper.