Agência France-Presse
postado em 30/04/2010 13:49
Os acionistas da Renault, reunidos nesta sexta-feira em assembleia geral, aprovaram a renovação por quatro anos do mandato do brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn como presidente da montadora francesa. A renovação de seu mandato foi aprovada por 83,87%.Ghosn, que desde 2002 já era administrador dentro do grupo, assumiu a direção operacional em abril de 2005 e a presidência no ano passado, sem deixar, por causa disso, a direção da Nissan, o sócio japonês da Renault.
Ghosn defendeu ante os acionistas presentes a aliança entre a Renault e a Nissan com a Daimler, que acaba de ser fechada o que foi recebido com ceticismo pelos acionistas do fabricante alemão. "Com a Daimler, entramos num seleto clube de grupos que produzem mais de 7 milhões de automóveis por ano", destacou o presidente reeleito.
Esta cooperação estratégica resultará em um primeiro momento em uma plataforma comum para os veículos pequenos das duas montadoras (Smart e Twingo).
A aliança pode render ainda uma cooperação na área de veículos elétricos, já que a Renault considera o carro elétrico um ponto estratégico.
Na assembleia geral, os acionistas perguntaram a Ghosn quando a Renault voltaria a apresentar lucros líquidos, ao que ele respondeu: "em 2011, no mais tardar".
Após a renovação pela assembleia geral, o novo conselho de administração que se reuniu em seguida confirmou-o em sua função de presidente.
Ghosn, que chegou à Renault com o prestígio de ter reerguido a Nissan e com uma imagem de "cost killer" (redutor de custos), deverá agora fazer frente ao desaparecimento progressivo das ajudas públicas estatais ao setor na Europa, seu principal mercado.
O plano de troca de carros velhos manteve as vendas durante o primeiro trimestre. A cifra de negócios aumentou quase 28,4% a 9,072 bilhões de euros. Mas este efeito poderá terminar no segundo trimestre, e a Renault se mostra prudente em relação ao restante do ano.
Na terça-feira, a montadora reiterou que espera "condições ainda difíceis em 2010 e um mercado europeu que poderá sofrer uma queda de 10%" em relação a 2009.
A Renault faz parte dos grupos automotivos mais duramente afetados pela crise, com uma perda líquida de 3,1 bilhões de euros em 2009, devido, em grande parte, à participação em empresas associadas com a japonesa Nissan ou a montadora sueca de caminhões Volvo.
O resultado é que, pelo segundo ano consecutivo, a montadora não deverá repassar dividendos a seus acionistas. Quanto ao valor da ação Renault, apesar de quase duplicar no ano passado, foi dividida por mais de cinco em 2008.