postado em 30/04/2010 16:14
Um dos setores que mais têm contribuído para a geração de empregos no Brasil é o da construção civil, tanto em termos de quantidade de vagas como de qualidade do trabalho. Muitas empresas do ramo adotam programas para incentivar seus funcionários a darem continuidade aos estudos e, mais capacitados, os trabalhadores têm conquistado melhores salários.A avaliação é da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), que divulgou hoje (30/4), como prévia para o 1; de Maio, Dia do Trabalhador, um estudo mostrando algumas das características do segmento, especialmente concentrado na realidade dos trabalhadores que atuam nos canteiros de obras.
Tendo por base levantamentos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério do Trabalho, o estudo da CBIC mostra que, além do aumento da escolaridade dos funcionários do setor, há uma ;crescente melhoria das condições de trabalho; e da formalização dos empregos.
Segundo a Cbic, são os próprios empregadores que estão incentivando o estudo de seus funcionários, inclusive instalando bibliotecas e salas de aula dentro dos espaços das construções.
Dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, mostram que, em 2002, 63,6% dos trabalhadores da construção civil sequer haviam concluído o ensino fundamental, tendo menos de oito anos de estudo. E apenas 36,1% tinham conseguido chegar ao ensino médio.
Já em 2010, o percentual de trabalhadores que estudaram mais de oito anos subiu para 47,8%, e cerca de 26,6% dos funcionários empregados no setor ; o que representa 442,8 mil profissionais ; têm mais de 11 anos de estudo. Em 2002, eram apenas 256,3 mil trabalhadores (ou 19%) com esse perfil.
De acordo com a Cbic, em 2002, 8% (107,9 mil) tinham frequentado a escola pelo período máximo de um ano. Segundo a pesquisa mais recente, este índice caiu para 5% em 2010. Este percentual equivale a 83,2 mil pessoas. A maior escolaridade, afirma o estudo, veio acompanhada de salários cada vez maiores.
A pesquisa utiliza dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para mostrar que o salário médio inicial dos trabalhadores formais do setor aumentou 35% entre 2003 e 2010, percentual que desconta a inflação do período. Com isso, o salário de quem ingressa na atividade passou de R$ 651,74, em valores reais, deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de março de 2010, para R$ 884,01, em janeiro deste ano.
A Cbic afirma que, no último ano, o ganho salarial dos trabalhadores do setor superou em 5,8% a inflação e que, mesmo durante a crise mundial, o setor continuou gerando empregos. Entre fevereiro de 2009 e fevereiro de 2010, o número de trabalhadores da construção civil aumentou 8,1%, enquanto os outros mercados de trabalho registraram um crescimento de apenas 3,4%.
O incremento nas contratações é, segundo a CBIC, acompanhado de uma elevação da formalização dos empregos. Nos três primeiros meses de 2010, foram criados 127.694 empregos formais. Isso representa 19% do total de empregos criados em todos os segmentos econômicos, segundo dados do Caged.
O estudo conclui, ainda, que a participação das mulheres é cada vez maior na construção civil. Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que é divulgada anualmente pelo IBGE, a CBIC afirma que, entre 2006 e 2008, 69 mil mulheres passaram a trabalhar em canteiros de obras, passando de 171 mil para 240 mil trabalhadoras. Apesar do crescimento na participação, elas representam apenas 3,4% do total de trabalhadores do segmento.