Economia

Vale admite deficit de energia para 2015-2016 e quer integrar Belo Monte

postado em 06/05/2010 08:03

O presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou que está disposto a analisar um possível convite do consórcio Norte Energia, vencedor do leilão da usina de Belo Monte, para integrar o grupo como autoprodutor, "se me garantirem energia a R$ 77", ressaltou o executivo. "Não fomos convidados, não estamos correndo atrás de nada, mas temos interesse em energia a R$ 77 (o megawatt-hora)", acrescentou.

Segundo ele, o consórcio do qual a Vale fez parte concluiu que o investimento daria retorno ao preço de R$ 82,90. "O consórcio vencedor deve ter dados econômicos que viabilizam esse preço. Nós não tivemos acesso", afirmou.

Belo Monte, que deverá ser, a partir de 2015, a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai, é um projeto de US$ 11 bilhões, que produzirá até 11.000 MW de energia. O leilão de concessão foi realizado em 20 de abril.

Segundo ele, a Vale tem interesse nas próximas licitações do setor elétrico que deem retorno, inclusive do próximo projeto de grande porte que o governo deverá licitar, a usina de Tapajós, no rio Tapajós (PA), com capacidade para gerar 6.300 MW. O leilão está previsto para 2011, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Agnelli informou que a Vale tem deficit de energia para 2015-2016 que ainda não foi contratado e por isso deverá buscar oportunidades nas licitações. "O que vier de licitação de hidrelétrica nós vamos olhar", afirmou o executivo ao ser perguntado se poderia participar da disputa por Tapajós. ;Vamos fechar esse gap também pela redução do consumo, pela eficiência energética;, contou.

Ele afirmou ainda que o custo da energia no Brasil é alto e por isso a Vale busca também novas formas de geração, como biodiesel e solar.

Oposição em Guiné


Agnelli se mostrou tranquilo em relação à resistência do candidato de oposição ao governo da Guiné, na África, em reconhecer o acordo firmado entre a Vale e a atual administração federal para a viabilização de projetos de minério de ferro. A mineradora brasileira comprou 51% da BSG Resources, que detém concessões de minério de ferro na Guiné, em Simandou Sul (Zogota) e licenças de exploração em Simandou Norte (Blocos 1 e 2). A operação totalizou por US$ 2,5 bilhões .

"Não (estou preocupado), porque o negócio é totalmente transparente, estamos supertranquilos. Tem eleições em dois meses (em Guiné) e todo mundo quer uma plataforma", disse ele. Na terça-feira, um líder afirmou que a oposição não vai reconhecer a aquisição se vencer a eleição, que acontece em 27 de junho. "Estamos tranquilos, mas todo governo é soberano até para atrasar o desenvolvimento", concluiu Agnelli.

LUCRO CAI 8,6% NO TRIMESTRE


; O lucro da Vale caiu 8,6% no primeiro trimestre em comparação com igual período de 2009. A companhia anunciou ontem que, pelos critérios contábeis brasileiros, lucrou R$ 2,879 bilhões entre janeiro e março, numa perda de R$ 271 milhões. Em relação aos R$ 2,708 bilhões positivos no quarto trimestre do ano passado, houve um aumento de 6,3%. A receita operacional foi de R$ 13,029 bilhões, também registrando recuo se contraposta com a obtida do início de 2009 ; a retração foi de 1,1%. O avanço em relação ao fim do ano foi de 8,1%.No comunicado em que divulgou os números, a empresa qualificou o desempenho de ;sólido; e o atribuiu aos ;esforços para minimizar custos e à forte recuperação da demanda global por minérios e metais;. O aumento dos preços de venda rendeu R$ 1,474 bilhão, enquanto a depreciação do real frente ao dólar respondeu por R$ 442 milhões. A queda nos volumes exportados contribuiu negativamente com R$ 935 milhões. A nova política de reajustes trimestrais na cotação do minério de ferro vai ter impacto no balanço a partir deste trimestre.

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