Marcone Gonçalves
postado em 10/05/2010 07:40
Depois de ter a porta arrombada, a Securities and Exchange Commission (SEC), xerife do mercado de capitais nos Estados Unidos, deverá adotar medidas para impedir a repetição do fenômeno da última quinta-feira, quando os investidores em ações entraram em parafuso por um suposto erro de digitação de um operador. A SEC, equivalente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, planeja mudar as regras de funcionamento da Bolsa de Valores de Nova York, criando mecanismos de redução das variações nas cotações em momento de pânico, quando elas tendem a cair bruscamente.Ao contrário do Brasil, onde pouco mais de 558 mil pessoas investem em papéis negociados pela Bovespa, mais da metade da população americana aplica em ações. Como se trata de uma questão de economia popular e segurança nacional, a SEC e outras agências governamentais investigam a queda de 9,2% no índice Dow Jones, em Nova York, o maior da história ao longo do dia. O tombo misterioso, ocorrido em pouco mais de 15 minutos, tornou ainda mais nervoso o cenário de quase paranoia dos norte-americanos, já assustados com dezenas de denúncias de possíveis ataques terroristas pelo país depois da descoberta de um carro bomba em Times Square, um dos locais mais movimentados de Manhattan.
Hackers
Ontem, o governo americano veio a público para informar que não há evidências de que o problema ocorrido na semana passada na bolsa tenha sido provocado por um ataque feito por hackers, como chegou a ser imaginado. ;Não há indicação de que isso tenha sido a causa;, disse John Brennan, principal assessor do presidente Barack Obama, para contraterrorismo, em entrevista à emissora de TV Fox News. Os parlamentares americanos vão investigar a história. A Comissão de Finanças do Congresso já marcou uma audiência para analisar o assunto amanhã.
Na quinta-feira, a misteriosa oscilação das ações apavorou os investidores. O tombo teria sido provocado por um ;dedo gordo;, expressão usada no mercado quando ocorre erro de digitação na hora de se marcar operações no sistema da bolsa. Rumores em Wall Street sugerem que um operador do Citigroup na Bolsa de Chicago ordenou a venda de 16 bilhões de ações da Procter and Gamble em vez dos 16 milhões de papéis, como havia sido ordenado.
Logo depois dos acontecimentos de quinta-feira, a SEC e a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) prometeram agir. Em nota, informaram que o episódio ;é incompatível com o funcionamento eficaz; do mercado de capitais e que fariam as mudanças estruturais necessárias. As agências anularam os negócios feitos no momento do tombo da bolsa. Agora, os técnicos trabalham na elaboração dos mecanismos para evitar que a situação se repita.
Bolsas de valores negociam a participação de investidores em empresas. Ao aplicar o dinheiro em ações, os investidores tornam-se sócios das companhias. Ganham conforme seus lucros aumentam. Para as empresas, a bolsa é uma fonte de recursos para expansão dos negócios.