Maior banco privado do Brasil, o Itaú Unibanco refez as contas e elevou as previsões de crescimento para este ano, de 6,5% para 7,5%, taxa só verificada no período da ditadura militar, chamada por muitos de milagre econômico. Esse desempenho será possível, na avaliação dos economistas Giovanna Siniscalchi e Ilan Goldfajn, apesar dos estragos provocados nas exportações brasileiras pela crise europeia e do aumento da taxa básica de juros (Selic), que, há duas semanas, passou de 8,75% para 9,50% ao ano. Esse aperto monetário só vai ser sentindo, por completo, em 2011, mas, ainda assim, eles também revisaram as estimativas de expansão do país, de 4,6% para 4,8%.
Na avaliação dos economistas, no atual cenário mundial, o Brasil é o grande destaque. ;A economia tem crescido de forma acelerada desde a breve recessão do ano passado, impulsionada pelos estímulos monetário, fiscal e de crédito à demanda doméstica;, afirmaram Giovanna e Goldfajn. Para eles, o consumo das famílias, que têm sustentado vendas recordes no comércio, garantiu crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses do ano, ante o último trimestre 2009. ;Se anualizada, essa taxa representaria alta superior a 12% ; um ritmo de crescimento chinês;, assinalaram.
Demanda por papel
Uma prova de que fôlego da economia se mantém firme está no desempenho da indústria de papelão ondulado, produto usado para a embalagem de mercadorias. Em abril, as vendas do setor bateram recorde para o mês, chegando em 207,9 mil toneladas, apontando crescimento de 18,27% sobre igual período de 2009, informou ontem a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO). A demanda por papelão é um dos principais indicadores de tendência da economia.
O impacto do aumento de produção é sentido diretamente no mercado de trabalho. Pelas contas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, neste ano, o Brasil deverá criar 2 milhões de empregos com carteira assinada. Mais postos de trabalho significam mais renda disponível para o consumo e maior demanda por crédito.
Pensado nisso, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revisou as projeções para a concessão de financiamentos a pessoas físicas, incluindo a modalidade do consignado. Segundo a entidade, o crescimento saltará de 20,4% para 20,8% no ano. Para a Febraban, também o PIB terá um incremento maior em 2010: em vez de 5,5%, o resultado final será de 6,3%.
MEGAPOÇO NO PRÉ-SAL
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estimou nesta quarta-feira (12/5) as reservas no poço Franco, localizado no pré-sal da Bacia de Santos, em 4,5 bilhões de barris. Segundo nota assinada pelo presidente da agência reguladora, Haroldo Lima, ;parece se tratar de um dos poços de maior potencial já perfurado no país;. Entre os que serão cedidos para a exploração da Petrobras, esse será o segundo maior em capacidade, só perdendo para o de Tupi, em que são previstos entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo. ;A ANP está estudando a oportunidade de efetuar de imediato os testes de formação a fim de verificar a produtividade do poço;, assinalou a nota. O pré-sal, a camada de petróleo localizada a 7 mil metros de profundidade do solo marítimo, é usado como um dos trunfos eleitorais da pré-candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff.
Vendas recordes
Victor Martins
As vendas do varejo prometem ser recordes em 2010. Impulsionado por crédito farto, crescimento do emprego e expansão da renda, o desempenho do comércio vem superando as expectativas do mercado. Em março, pelo terceiro mês consecutivo, o índice subiu expressivamente, com alta de 1,6% frente a fevereiro. Na comparação com igual mês do ano passado, o avanço foi de 15,7%. Com resultado tão positivo na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), representantes do setor estimam expansão de 11,4% para o ano ; o maior desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começou a fazer o levantamento.
Em março, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos foi um dos responsáveis pelo incremento nas vendas do varejo. O segmento automotivo marcou alta de 10,3% ante fevereiro. O desempenho do mês também foi puxado pelo grupo de itens de informática, material para escritório e comunicação, com vendas 8,6% superiores.
Arrefecimento
;Os dados vieram muito fortes, acima do esperado. Daqui para a frente, devemos registrar um arrefecimento nesses indicadores. A partir da próxima avaliação, já notaremos os efeitos do aperto monetário feito pelo Banco Central;, ponderou Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Segundo ele, a inadimplência está em queda, os prazos ao consumidor em ritmo de ampliação e o mercado de trabalho segue em forte expansão, fatores que devem garantir boas vendas para o varejo no ano. Nas contas de Bentes, o setor já assegurou um crescimento de 10,4% para 2010, mesmo na hipótese absurda de não vender mais nada até o fim do ano.