O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou, por pressão da União Europeia (UE), um rígido pacote de medidas destinadas a reduzir o deficit público e que, por tabela, provocará uma desaceleração do crescimento em 2011. Haverá um corte dos salários dos funcionários públicos, o congelamento das pensões e a supressão do chamado ;cheque bebê; como parte das decisões adicionais ao plano econômico divulgado no domingo, em Bruxelas.
Os salários sofrerão um corte de 5% a partir de junho deste ano e, além disso, serão congelados em 2011, disse Zapatero no Congresso dos Deputados. Os salários dos altos cargos do funcionalismo e do governo sofrerão os maiores cortes e as pensões e aposentadorias serão congeladas, com exceção das mínimas.
O presidente também anunciou um corte de 600 milhões de euros na ajuda ao desenvolvimento espanhol entre este e o próximo ano e a supressão a partir de 2011 do chamado ;cheque bebê;, que desde 2007 concedia 2.500 euros para cada criança nascida.
Acertando as contas
Essas e outras iniciativas permitirão ao país uma economia extra de, no máximo, 15 bilhões de euros até 2011, ou seja, 5 bilhões de euros este ano e 10 bilhões em 2011.
A Espanha registrou no ano passado um deficit público de 11,2% do PIB, depois de três anos seguidos de superavit crescente antes da crise. Agora, se comprometeu a diminui-lo para abaixo dos 3% fixados pela Zona do Euro. Para isso, anunciou, em janeiro, um plano de poupança de 50 bilhões de euros em três anos, mas os temores nos mercados de que as iniciativas para enfrentar a crise não seriam suficientes levou o governo socialista a anunciar medidas adicionais no domingo, em Bruxelas.
Em janeiro, o plano visava a redução de 10% na contratação de funcionários, que se somava a um aumento de impostos e a um orçamento reduzido para 2010.
No domingo, pressionado por seus sócios da UE, o governo espanhol se comprometeu, em Bruxelas, a acelerar seus planos de acerto das contas públicas, baixando em meio ponto percentual adicional o deficit público de 2010 e em um ponto percentual suplementar o de 2011. Com as novas medidas, o deficit cairá para 9,3% este ano (frente aos 9,8% previstos até agora) e em torno dos 6% em 2011 (ante os 7,5% projetados).
O plano anunciado ontem fará com que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para 2011 seja ;alguns décimos inferior ao previsto, de 1,8%;, advertiu Zapatero. Esse plano adicional é divulgado em um momento em que a economia espanhola parecia sair timidamente da recessão em que mergulhou no fim de 2008.
As medidas tomadas pela Espanha estão em uma boa direção, segundo afirmou o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn.
GRÉCIA RECEBE 5,5 BI DE EUROS
; O Banco Central da Grécia recebeu ontem 5,5 bilhões de euros do Fundo Monetário Internacional (FMI), que serão utilizados para pagar a dívida do país. ;A Grécia recebeu sem problemas a soma prevista. Tudo foi feito em cooperação com o FMI, os dirigentes do ministério das Finanças e do Banco da Grécia;, afirmou uma fonte ligada à transação que não quis ser identificada. Mas a população continua resistindo contra as medidas de ajuste. Os dois maiores sindicatos da Grécia convocaram uma nova greve geral para 20 de maio, a quarta desde fevereiro. A Federação de Funcionários Gregos (Adedy) e a Confederação de Trabalhadores do Setor Privado (GSEE) acertaram realizar um novo movimento de protesto contra o pacote de ajuste anunciado pelo governo socialista grego, que prevê uma redução das pensões em 7% na média até 2015 e uma elevação da idade mínima para se aposentar.