Vera Batista
postado em 15/05/2010 16:03
Com mais dinheiro no bolso e crédito farto, grande parte dos brasileiros começa a perder os saudáveis hábitos de pechinchar preços e aproveitar promoções. Estão preferindo comprar nas lojas e nos supermercados mais próximos de casa, mesmo que os valores dos produtos não estejam tão convidativos quanto os de estabelecimentos que exijam um deslocamento maior. Essa leniência está fazendo a festa de industriais e comerciantes, que têm aproveitado o consumo superaquecido, sem restrições, para repassar custos e engordar os lucros. O resultado disso é mais inflação.O médico Manoel Augusto Soares, 65 anos, admite que deveria agir exatamente ao contrário, mas a vida corrida o impede de aproveitar as promoções. ;Não tenho tempo;, lamenta. Soares não pode ser considerado um exemplo de consumidor consciente. ;Não compro supérfluos, a menos que sejam absolutamente indispensáveis;, brincou. ;Também não faço estoque. Só compro o que está faltando, quando a empregada manda.; Mesmo assim, observou que os preços de alimentos e material de higiene e limpeza subiram demais no supermercado onde costuma comprar.
Neide Araújo, 45 anos, compra o que lhe agrada. ;Sempre comprei supérfluos. Quem tem filhos não consegue fugir disso;, destacou. Ela é representante comercial e o salário oscila de acordo com as vendas, que têm crescido ultimamente. O dinheiro, segundo ela, não chega a sobrar, porque o custo de vida também subiu. ;Os preços não caem nunca, por mais que tentem me convencer. Nunca vi;, assinalou. Alzira Gomes, 85 anos, funcionária aposentada, não acredita que as ofertas reunam preço e qualidade para valer. ;Nunca acho a carne que eu quero mais baratinha. Pelo contrário, percebo que estou gastando mais;, disse.
Resistência
Alguns mais resistentes ainda tentam manter os bons hábitos de consumidor consciente. A doméstica Leonilda Alves Oliveira da Silva, 43 anos, não descansa enquanto não combina o que lhe interessa com vantagens financeiras. Conseguiu emprego fixo e local para morar perto do trabalho. Com o que economizou de passagem, já está ;acertando; a vida e se permite encher o carrinho não só de produtos básicos. ;Aproveito as terças-feiras para comprar carne e as quintas-feiras para comprar legumes e verduras. Mas coloco também biscoito, iogurte, leite de soja ou uma carne defumada;, contou.