postado em 16/05/2010 11:03
O forte aumento da taxa básica de juros (Selic), que já está em andamento, e o corte de R$ 10 bilhões no Orçamento da União, anunciado pelo Ministério da Fazenda, não serão suficientes para dar tranquilidade ao próximo presidente da República em relação à inflação. Em seu primeiro ano de mandato, terá que travar uma pesada batalha para levar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. ;Com certeza, veremos, em 2011, a inflação ainda distante do nível desejado pelo próximo governo. Projeto 5,5%;, diz o economista-chefe da Personale Investimentos, Carlos Thadeu Filho.Pelas suas contas, o futuro governo enfrentará uma onda pesada de reajustes dos preços administrados ; nos quais se inserem as tarifas públicas ;, refletindo a disparada dos índices neste ano. Por contrato, a maior parte dos serviços públicos, como energia elétrica, telefonia, passagens de ônibus e pedágios, e dos aluguéis é corrigida pelos índices gerais de preços, o IGP-M e o IGP-DI, que devem fechar 2010 na casa dos 10%. ;Se as projeções do mercado se confirmarem, os 10% dos IGPs vão resultar em alta média de 5,5% dos preços administrados no ano que vem;, afirma Thadeu. E como, historicamente, 30% do IPCA vêm das tarifas públicas, 2011 já começará com inflação contratada de 1,65%, um patamar elevadíssimo se levado em consideração o centro da meta de 4,5%.
O economista lembra que, tradicionalmente, em anos pós-eleições, os governantes costumam destravar os reajustes das tarifas públicas, o que será um peso a mais sofre a inflação. Além disso, não se espera que as contas de luz sejam beneficiadas com revisões de contratos que levem como parâmetro a produtividade das distribuidoras de energia. Nos últimos anos, várias dessas empresas tiveram as tarifas reduzidas, compensando a melhoria de gestão, uma ajuda e tanto ao BC no combate à inflação.
;Agora, o que realmente fará a diferença para o governo será o ritmo do crescimento mundial. Se a economia do planeta avançar além do previsto, os preços das commodities (agrícolas e metálicas) tenderão a dar um salto, puxando a inflação para cima. O incremento mais moderado da atividade global, por sua vez, jogará a favor do controle de preços;, assinala Thadeu.
Na avaliação da economista Tatiana Pinheiro, do Banco Santander, o salto dos índices gerais de preços ficará claro neste mês. Tanto que ela revisou de 1,10% para 1,60% a inflação medida pelo IGP-M e pelo IGP-DI.
"Com certeza, veremos, em 2011, a inflação ainda distante do nível desejado pelo próximo governo"
Carlos Thadeu Filho economista-chefe da Personale Investimentos
Carlos Thadeu Filho economista-chefe da Personale Investimentos
O número
R$ 10 bilhões
Corte adicional no Orçamento da União para conter a inflação