postado em 18/05/2010 20:00
Brasília ; Mesmo tendo que tomar medidas para conter a inflação, o governo chinês continuará investindo na construção de cidades para fortalecer o mercado consumidor interno. De acordo com o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, o processo de urbanização da população chinesa será estimulado, ao mesmo tempo que o governo tomará medidas pontuais, em determinados setores, para conter a demanda.Dados econômicos chineses demonstraram que a inflação subiu nos primeiros três meses do ano. Em abril, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 2,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No entanto, o governo aposta em fechar o ano com inflação perto dos 3%.
;O governo chinês dá muita importância à formação de um mercado interno forte, porque somente o mercado externo não é suficiente para promover o desenvolvimento econômico do país. Estamos promovendo um processo muito forte de urbanização. Até o momento, cerca de 80% da população chinesa vivem no campo, e os campesinos têm um nível relativamente baixo de consumo. Com esse processo de urbanização, a situação vai mudar;, disse Qiu Xiaoqi, em entrevista à Agência Brasil.
A urbanização promovida pelo governo não tem nada a ver com o estímulo à mudança da população rural para cidades já existentes. O governo chinês optou por edificar centros urbanos inteiros destinados à moradia de parcela da população que ainda vive na área rural. O objetivo do investimento é ;construir; literalmente na China um robusto mercado consumidor interno, capaz de garantir estabilidade para a economia, mesmo com todo o resto do mundo desmoronando.
[SAIBAMAIS]Até 2020, o governo pretende transportar para as cidades cerca de 400 milhões de pessoas. Cerca de 400 novas cidades deverão surgir para abrigá-las na chamada China Moderna. Atualmente existem 700 milhões de chineses vivendo ainda em áreas rurais, ou seja, não consumindo. ;Esse movimento de criação de mercado de consumo interno vai continuar e acredito que daqui a alguns anos será responsável por mudar todo aspecto da China;, disse o embaixador.
Com a crise financeira mundial, o governo adotou medidas de incentivo para a compra de eletrodomésticos, televisões e telefones celulares. Em 2009, a China lançou um programa de subsídio aos agricultores para a compra de determinadas marcas de televisão a cores, geladeiras e celulares que, na opinião do embaixador, foi fundamental para dinamizar a economia e manter a estabilidade do país em meio às turbulências externas.
;O governo emprestou muito dinheiro para que os campesinos tivessem acesso a esses bens de consumo e isso produziu efeitos muito positivos para a economia;, avaliou.
O programa atingiu três regiões essencialmente rurais: as províncias de Shandong, Henan e Sichuan. A cidade de Qingdao também foi incluída no programa. O governo estipulou como preços máximos 2 mil yuans para a televisão a cores, 2,5 mil yuans para a geladeira e mil yuans para o celular. O subsídio de 13% para a compra dos aparelhos foi dividido entre o governo central, que arcou com 80%, e os governos provinciais e municipais, que arcaram com 20%. Cada família rural pôde comprar dois artigos de cada categoria.