Economia

Denúncia de fraudes na Previdência leva a tapas e fraudes em Planaltina

postado em 19/05/2010 08:59
As fraudes no fundo de previdência e nas contas da prefeitura de Planaltina de Goiás, denunciadas pelo Correio em 25 de abril, descambaram para violência e ameaças. O presidente da seguridade social local, Benedito Castro da Rocha, agrediu a tesoureira Josiane Tomaz de Oliveira Lima. Ele teria golpeado o rosto dela e a jogado sob uma mesa. A explosão de fúria e descontrole ocorreu depois de a mulher se recusar a assinar balancetes falsos. Os documentos forjados tinham o objetivo de contestar as informações de desvio de dinheiro das contribuições para a aposentaria dos servidores do município. O prefeito, que está sob investigação do Ministério Público, foi parar na delegacia da cidade.

Benedito Castro agrediu uma funcionária que se recusou a forjar provasPlanaltina é um entre centenas de municípios com regimes previdenciários próprios envolvidos em irregularidades. Segundo Josiane, o rombo no sistema está em cerca de R$ 4 milhões. ;Ele forjou o balancete para maquiar desvios de verbas. Como eu era a tesoureira, tinha de assinar novamente os documentos falsos, mas eu me neguei;, contou Josiane. ;Ele se alterou e me deu um tapa no rosto. Depois, me jogou sobre a mesa, caí em cima de um copo de vidro;, relatou.

A tesoureira conta que o desespero tomou conta da cúpula de Planaltina de Goiás em 25 de abril. ;Depois da reportagem do Correio, os ânimos ficaram

exaltados. Eles ficaram com medo da repercussão e fizeram de tudo para forjar provas, para encobrir o que estavam fazendo. Eu me neguei a participar porque eu só iria me prejudicar;, denunciou. Diante do caos tomou conta da cidade, o prefeito, José Olinto Neto (PSC-GO), refugiou-se em Goiânia. Desde segunda-feira, o vereador Ivonil Alcides Xavier (PRTB-GO) tenta convocá-lo para uma audiência. A Justiça deve decidir se aceita o pedido de afastamento proposto pelo Ministério Público e aguarda a defesa do mandatário de Planaltina.

Memória
Irregularidades generalizadas

Dados coletados pelo Correio mostram que, de todos os fundos previdenciários das capitais brasileiras, cerca de 80% estão em situação irregular. O Ministério da Previdência aponta para problemas de transparência na contabilidade dessas entidades, desequilíbrios financeiros e desaparecimento de contribuições trabalhistas. No caso de Planaltina de Goiás, uma farra de cheques está mal explicada. O fundo que deveria garantir a aposentadoria dos servidores da cidade apontou, em uma primeira auditoria, rombo de R$ 3 milhões. Na região conhecida como Entorno do Distrito Federal, apenas um fundo de previdência está com as contas regulares: o de Padre Bernardo. Apesar de todos esses problemas, o mistério não tem uma estimativa do total de desvios de recursos praticados pelos regimes previdenciários de estados e municípios. (VM)

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