O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, encerraram na tarde de desta quarta-feira (19/5), em Lisboa, a 10; Cimeira Brasil e Portugal assinando declaração conjunta que define como prioridades estratégicas na relação entre os dois países a cooperação nas áreas de energia, ciência, tecnologia e inovação e a promoção, divulgação e projeção da língua portuguesa. Além disso, reafirmaram o empenho do Brasil e de Portugal na ampliação e diversificação das relações econômicas e comerciais.
Na área da cooperação econômica, financeira e comercial, Lula e José Sócrates concordam sobre a necessidade de equilibrar a balança comercial entre seus países, atualmente desfavorável a Portugal, além de diversificar as trocas e de promover bens e serviços de valor agregado.
Lula destacou as potencialidades do mercado brasileiro para as empresas portuguesas e as oportunidades de negócios que surgirão com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Brasil e Portugal acertaram o incremento da troca de informações e de missões empresariais direcionadas a futuros negócios ligados aos dois eventos internacionais.
Um destaque do documento final da Cimeira de Lisboa é a possibilidade, analisada por Lula e José Sócrates, de criação da Confederação Empresarial Brasil-Portugal como embrião de um futuro diálogo entre a Europa e a América do Sul que permita incrementar os negócios, promover o emprego e a utilização de novas tecnologias entre os dois países e regiões. Os respectivos ministérios das Relações Exteriores ficaram encarregados de dar forma à futura confederação.
Portugal e Brasil criaram um grupo de trabalho sobre energia com o objetivo de desenvolver o relacionamento entre os dois países nas áreas de petróleo e biodiesel, além de promover a cooperação trilateral com a África. Lula e José Sócrates destacaram a presença da estatal de petróleo portuguesa Galp no Brasil e da Petrobras em Portugal e o interesse da empresa brasileira em usar o porto de Sines como plataforma logística para a exportação de diesel e querosene de aviação para o mercado europeu.
Outro resultado prático da Cimeira de Lisboa é o desenvolvimento de um projeto-piloto chamado Rapid, destinado ao controle de passageiros nos aeroportos de Brasília e de Lisboa. Brasil e Portugal assinaram protocolo que garante a cessão de equipamento e respectivo software para o aeroporto da capital brasileira e a cooperação entre o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal e o Departamento de Polícia Federal do Brasil.
Na área política, Lula e José Sócrates concordam que a reforma não apenas da Organização das Nações Unidas (ONU), mas também do seu Conselho de Segurança, é necessária para torná-los mais "representativos, transparentes e eficazes". Portugal precisa do apoio brasileiro para ocupar assento não-permanente no Conselho no biênio 2011-2012 e o Brasil já tem o apoio de Portugal para se tornar membro permanente dessa instância da ONU.
O documento final da Cimeira de Lisboa ressalta ainda que o "governo português nota, com satisfação, o papel que o Brasil e seu presidente vêm desempenhando, em particular no presente momento, na gestão de várias questões de interesse crucial para a manutenção da paz e da segurança internacionais".
Lula e José Sócrates enfatizam no documento que analisaram as consequências da crise financeira internacional, as políticas aplicadas para enfrentá-la e as medidas que deverão ser tomadas para reformar o sistema financeiro internacional, a fim de "relançar a economia e promover o emprego".