Economia

Ministério isenta Furnas de apagão de novembro passado

postado em 20/05/2010 09:15

No que depender do Ministério de Minas e Energia, Furnas não será punida pelo apagão de novembro passado, que deixou 18 estados brasileiros no escuro por até 14 horas. O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, revelou ao Correio que o relatório final do órgão acaba de ficar pronto, com a seguinte conclusão: o blecaute foi consequência de problemas de blindagem não previstos no projeto original da subestação de Itaberá (SP) para suportar a incidência de raios de pequena intensidade, e não de falhas de manutenção nas linhas de transmissão a partir de Itaipu. ;Não é questão de erro. A manutenção da instalação estava em dia. O que havia era a necessidade de alteração das condições do projeto. Foi o diagnóstico que o grupo fez com o Cepel;, afirmou Zimmermann.

A análise dos índices pluviométricos na região, explicou o ministro, não constatou alterações. Porém, a concentração de chuvas em determinados horários, aliada ao acúmulo de vento, deixou a subestação sem proteção para descargas elétricas de menor grau, que não estavam previstas no projeto original, com blindagem apenas para raios de forte intensidade. ;Quando era uma descarga, um raio forte, a subestação protegia. Quando eram raios pequenininhos, desses que a gente acha que não (interferem), iam direto e ninguém via. Viu-se que a blindagem da subestação de Itaberá, apesar de estar dentro das normas, era diferente das outras: Tijuco Preto, Ivaiporã e Foz;, detalhou Zimmermann. Foi essa a razão, segundo ele, que desencadeou a discussão com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre as causas do apagão.

Na época do blecaute, o Inpe divulgou relatório negando a ocorrência de fortes raios na região de Itaberá. Como pelo documento do ministério, que será apresentado para aprovação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) no mês que vem, a causa foram descargas de pouca intensidade contra as quais a subestação não tinha blindagem, Zimmermann defende que Furnas não deve ser punida. ;Nesse caso, não tem porque autuar, pois a instalação está dentro das condições do projeto.;

Multa


Há dois meses, relatório da equipe de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontou sérias falhas nas linhas de transmissão de Furnas em Itaberá e Tijuco Preto e condenou a estatal ao pagamento de multa no valor de R$ 53,7 milhões ; a maior já aplicada pela agência por um auto de infração isolado. O montante só é inferior à condenação de R$ 84,6 milhões imposta à Petrobras por descumprimento de um acordo para fornecimento de gás. Zimmermann fez questão de dizer que não existe ;conflito nem disputa de relatórios; entre ministério e Aneel, que também integra o CMSE. ;Um fiscal da Aneel soltou aquele relatório. Foi a superintendência que aplicou a multa. Furnas recorreu à diretoria, que não se manifestou até agora;, disse. Ele lembrou que o ministério, como poder concedente, coordena o CMSE , e montou o grupo para tratar da questão e fazer o relatório. ;O órgão regulador tem o seu papel. Se ele acha que tem que multar ou não, vai depender da diretoria da Aneel. É um papel independente deles;, reforçou.

Ajustes em Itaberá


Depois da constatação da deficiência no projeto original da subestação de Itaberá, vários ajustes foram realizados. Segundo o Ministério de Minas e Energia, foi instalado um equipamento chamado chapéu chinês para aumentar a blindagem da linha contra raios de baixa intensidade. Durante dois meses, a subestação também ficou restrita a 3 mil megawatts ; quase metade da média usual de 5 mil. O objetivo era que as linhas aguentassem a contingência tripla, ou seja, se os mesmos raios pequenos que causaram o apagão em novembro voltassem a incidir na região, os três circuitos poderiam ser queimados e não haveria blecaute.

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