Economia

Brasileiro não acredita que dinheiro vivo dá desconto

postado em 22/05/2010 11:01
O consumidor não acredita em desconto quando paga suas compras em dinheiro vivo e ainda que essa facilidade seja regulamentada algum dia pelo comércio o senso comum é de que o produto acabará ficando mais caro. Uma pesquisa(1) inédita realizada pela consultoria GfK traçou um panorama completo sobre o comportamento do brasileiro na boca do caixa e concluiu que as pessoas simplesmente não acreditam que possam se beneficiar de uma possível diferenciação de preços oferecida pelos lojistas.

De acordo com o levantamento, cerca de 80% dos entrevistados já gastaram mais ou menos dependendo da forma de pagamento. Os técnicos da consultoria responsável pelo estudo afirmam que o brasileiro, ávido por gastar, está aprendendo a se endividar de maneira saudável e desconfia de bondades excessivas. Nos últimos 20 anos, as pessoas também passaram a deixar o dinheiro de papel no banco e adotaram de maneira definitiva os cartões. ;É mais seguro do que andar com um monte de notas na carteira;, justificou o economista-chefe da GfK, Paulo Mascarenhas.

Os cartões, no entanto, ainda cobram um preço alto pela comodidade que oferecem. Para os consumidores, juros que podem chegar a quase 200% ao ano. Para os lojistas, uma taxa de 4,5% a cada operação ; valor que supera a tributação para as empresas que aderiram ao programa Simples Nacional. Na tentativa de burlar o custo elevado, os lojistas passaram a oferecer descontos, caso o cliente prefira pagar em dinheiro. Apesar disso, na pesquisa da consultoria, 91% dos entrevistados informaram que os comerciantes cobram um valor maior se o pagamento for feito no cartão de débito ou crédito.

Ainda que o sentimento geral seja de ceticismo, a maioria dos consumidores consultados declarou ter o hábito de usar cartões, deixando para último caso o dinheiro. ;A maioria não é a favor de cobrança diferenciada. A população acha que vai acabar pagando mais, já que prefere usar o plástico. Com a possibilidade dessa situação se tonar lei, nossa pesquisa mostra que as pessoas temem acabar pagando a conta. Acham que será um falso desconto;, explicou Mascarenhas.

Custos
A pesquisa mostra ainda que os consumidores temem pelo que o varejo poderá fazer caso as taxas das operadoras sejam reduzidas. Cerca de 70% responderam que os comerciantes apenas aumentariam seus lucros e que os próprios consumidores arcariam com os custos impostos pelos cartões de crédito às lojas. Roque Pellizzaro, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), justifica que a conta nunca fica para a empresa, mas para o consumidor. ;Não existe almoço grátis. Qualquer custo que o lojista tenha está embutido no preço das mercadorais;, resumiu Pellizzaro. ;Quem paga os tributos? É o consumidor. O lojista é um arrecadador dos impostos dessa mercadoria. O salário dos funcionários, a conta de luz, tudo é embutido no valor do produto. E o custo do cartão também;, concluiu.

1 - Divergências
A pesquisa da GfK faz oposição a um levantamento realizado pelo Instituto Análise, que também aborda formas de pagamento no comércio. Ambos, quando comparados, mostram perfis diferentes de consumidores e revelam que a briga entre cartões de crédito e lojistas chegou ao campo da pesquisa técnica. De um lado, comerciantes garantem que o dinheiro é mais vantajoso. Do outro, as operadoras dizem que o plástico é melhor. O consumidor, por sua vez, reclama que continua pagando juros abusivos para administradoras e se sente enganado quando há diferenciação de preço a depender da forma de pagamento.

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