Apenas duas semanas após tomar posse, o novo primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, começou a cumprir a promessa de ajustar as contas públicas. O governo apresentou ontem detalhes de sua primeira ação de austeridade fiscal, que inclui o congelamento na contratação de servidores e cortes de benefícios sociais. Nessa rodada inicial, os gastos serão reduzidos em 6,2 bilhões de libras, equivalentes a R$ 16,8 bilhões. O objetivo é diminuir o enorme deficit britânico, que fechou o ano passado em 156,1 bilhões de libras (R$ 422,3 bilhões), o maior da União Europeia. O rombo correspondeu a 11,1% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país).
;É a primeira vez que este governo anuncia decisões difíceis sobre o gasto público, mas não será a última;, afirmou o ministro das Finanças, George Osborne. Ele mostrou satisfação porque o governo de coalizão entre conservadores e liberais democratas desmontou ;ponto por ponto; os argumentos dos críticos que pensavam ser muito prematuro ajustar o orçamento ou viam a iniciativa como algo impossível. A decisão veio antes mesmo da revisão completa dos gastos públicos a ser realizada na apresentação de um orçamento emergencial para o ano fiscal que se iniciou em março.
Do total do pacote, 500 milhões de libras (R$ 1,3 bilhão) serão reinvestidos em formação profissional e em moradia social. Os restantes 5,7 bilhões de libras (R$ 15,4 bilhões) virão do esforço dos ministérios em diminuir o custeio e da reforma nos benefícios. Todas as áreas do governo serão afetadas. ;Trata-se de enviar uma onda de choque pelos ministérios, instaurar controles draconianos sobre certos tipos de despesas e desestimular o desperdício;, resumiu o secretário do Tesouro, David Laws.
"É a primeira vez que este governo anuncia decisões difíceis sobre o gasto público, mas não será a última;
George Osborne, ministro das Finanças
Arrocho à italiana
O plano italiano de austeridade, que deve ser aprovado nesta terça-feira (25/5), cortará salários e contratações no setor público, bloqueará temporariamente os pedidos de aposentadoria e reduzirá os investimentos para governos locais, de acordo com um esboço obtido pela agência de notícias Reuters.
As propostas para o Orçamento estabelecem que apenas 20% daqueles que saírem do setor público de 2011 a 2013 serão substituídos e cortam a transferência de 2 bilhões de euros em 2011 e 3,8 bilhões de euros em 2012 para autoridades municipais e regionais.
Os trabalhadores que tiverem o direito de se aposentar a partir de meados de 2011 até o fim daquele ano deverão continuar trabalhando por mais seis meses. O Orçamento, que visa reduzir o deficit em cerca de 13 bilhões de euros no ano que vem, também encolherá o gasto com saúde, de 400 milhões de euros em 2011 e de 1,1 bilhão de euros no ano seguinte.
Despesas com os ministérios, incluindo salários, serão reduzidos de 8% a 10% por ano de 2011 a 2013. Também haverá redução de 10% no pagamento de ministros e nos rendimentos de servidores superiores a 75 mil euros. Haverá, ainda, proibição de transações em dinheiro acima de 5 mil euros para tentar enfrentar a evasão de impostos.