Economia

Brasil enfrenta efeitos da crise melhor que nações desenvolvidas, diz Mantega a diretor do FMI

postado em 26/05/2010 16:28

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou nesta quarta-feira (26/5) ao diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, números da economia brasileira e voltou a ressaltar que o país é um dos poucos a não enfrentar problemas de crescimento após a crise financeira mundial do ano passado, ao contrário do que vem ocorrendo em várias nações, inclusive entre as desenvolvidas.

Em relação à crise na Europa, o ministro chegou a sugerir que, para aumentar a competitividade dos países da região, fosse criado um programa nos moldes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Não chego a ponto de propor um PAC para os países europeus, mas é isso que eles precisam. Com um ajuste fiscal importante."

Na sua avaliação, o destaque da economa brasileira no cenário internacional é resultado das políticas adotadas pelo governo para enfrentar a crise. ;O que observamos, na economia brasileira, é o resultado das políticas que nós fizemos e, portanto, no primeiro trimestre deste ano, teremos um crescimento bem maior, porque as políticas para combater a crise ainda estavam exercendo seus efeitos;, disse. Mantega voltou a afirmar que, a partir do segundo semestre, haverá uma desaceleração da economia, justamente devido à retirada dos estímulos fiscais e monetários.

A estimativa do ministro é que a economia cresça entre 2% e 2,5% no primeiro trimestre e, a partir deste período, o país volte a reduzir o crescimento, com a retirada dos incentivos, entre eles os dos setores automotivo e de eletrodomésticos (redução do Imposto sobre Produtos Industrializados). ;Portanto, do ponto de vista da economia brasileira, caminhamos para o crescimento sustentável, onde o segundo semestre terá um crescimento menor do que o primeiro e terminaremos o ano com crescimento entre 5,5% e 6%;, estimou.

Mantega afirmou que a inflação já dá sinais de arrefecimento, pois a principal causa da elevação dos índices, que são os alimentos, tem dado sinais de recuo. ;Teremos uma trajetória positiva na questão da inflação.; No âmbito fiscal, Mantega disse ao presidente do FMI que a situação do Brasil é uma das melhores de mundo, com o país caminhando para um superávit de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. ;Somos um dos poucos países do mundo, cujo déficit é descendente e cuja dívida cresceu apenas em 2009 [durante a crise] e voltará a cair a partir de 2010;, enfatizou.

Strauss-Kahn e Mantega analisaram ainda as turbulências na zona da euro, com os problemas no fluxo de capitais [entrada e saída de moeda estrangeira]. De acordo com o ministro, a crise é localizada e, embora traga problemas para o mundo, no Brasil, as consequências são consideradas pequenas e se restringem justamente à diminuição do fluxo de capitais. Os dois avaliaram, porém, que, quando as medidas dos países europeus, para resolver a crise, forem efetivamente adotadas, ;haverá um refluxo do pânico que existe nos mercados;.

O ministro defendeu que a solução na zona do euro não deve ser restrita a um ajuste fiscal clássico, apenas com cortes de gastos públicos. Mas, sim, com estímulos ao crescimento da economia nos países afetados pela crise, incluindo a elevação de renda para o pagamento das dívidas contraídas. ;O reajuste não pode se resumir àquele que era sugerido no passado pelo FMI;, afirmou.

Mantega voltou a reinvindicar uma maior participação dos países emergentes nas decisões do FMI. Segundo ele, esses países estão sub-representados na instituição. "É mais que justo que esses países que estão colocando recursos no fundo, como é o caso do Brasil, que possam ter uma participação aumentada. Que [essa participação, do Brasil] seja próxima à nossa participação em relação ao PIB mundial", defendeu.

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