postado em 28/05/2010 08:22
O auxiliar de escritório Gilberto Mendes de Azevedo ainda está comemorando o emprego que conseguiu em abril. Depois de um ano e meio como estagiário da área de controladoria de um shopping em Brasília, o jovem, de 22 anos, teve a carteira assinada pela primeira vez. A conquista só foi possível devido à experiência que adquiriu e à confiança depositada pelos chefes. Estudante de administração, Azevedo é um exemplo da aceleração do mercado de trabalho.;Entrei primeiro para cobrir uma licença-maternidade e fui ficando, conquistando meu espaço;, revelou. O índice que mede o percentual de profissionais desempregados fechou abril em 7,3%, o menor resultado registrado para o mês desde o início das apurações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002. Em relação a abril de 2009, quando o país ainda estava sob os efeitos da crise mundial, o recuo foi de 1,6 ponto percentual ; na comparação com os 7,6% de março, de 0,3 ponto.
A economista Luiza Rodrigues, do Santander, lembrou que, em abril, houve uma contratação significativa de servidores públicos em Salvador, uma das cinco regiões metropolitanas avaliadas, o que compensou a queda de vagas preenchidas em outros setores e regiões. ;Se isso não tivesse ocorrido, a taxa de desocupação teria ficado em 7,7%;, disse. Segundo ela, esse fato pontual não desvaloriza a resposta, em volume de empregos criados, que o bom momento da economia brasileira permite. ;Nada disso muda nossa visão quanto ao aquecimento do mercado de trabalho.;
Descontados os fatores que só ocorrem em abril, como a contratação para as vendas do Dia das Mães, a taxa foi de 6,7%, segundo cálculos do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, o que representa o nível mais baixo de desocupação de toda a série histórica. A instituição estima que o desemprego atinja, em média, 7,1% no ano, ficando alinhado à previsão de 7% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Essa apuração é superior à projeção reavaliada do Santander. ;Reduzimos a expectativa para o desemprego em 2010 de 7% para 6,8%;, disse Luiza.
Ganho real
Ao mesmo tempo em que o desemprego caiu, a massa de rendimentos real efetivo fez o caminho contrário. Nos últimos 12 meses encerrados em março, cresceu 7,3%. Azevedo foi beneficiado por essa melhoria de salários. Quando era estagiário, ganhava R$ 500 e o vale-transporte. Contratado, passou para R$ 900, com benefícios que lhe rendem R$ 1,2 mil mensais. ;Moro com meus pais e tenho poucos gastos. Comecei a comprar ações e investi em um apartamento em Samambaia;, explicou.
O rendimento médio dos trabalhadores se manteve estável de março para abril. A variação anual foi de 2,3%, passando de R$ 1.392,65 para R$ 1.424,10. Mais uma vez, a construção civil se destacou. Os empregados deixaram de receber, em média, R$ 1.005,19, e tiveram aumento de 13,4%, passando a ganhar R$ 1.140,30. O setor teve um impulso de 10,5% no número de contratados, seguido de outras atividades (7,5%), intermediação financeira e outros serviços (ambos com aumento de 6,4%). Luiza Rodrigues explicou o fenômeno impulsionado pelo sonho brasileiro da casa própria.
;O rendimento médio deve continuar subindo e as pessoas vão permanecer procurando por imóveis. O que nos preocupa são os efeitos inflacionários disso;, disse. O contingente de desempregados continuou em 1,7 milhão de pessoas, mas recuou 16,4% na comparação anual. Comportamento semelhante ocorreu com o total de empregados formais. A estabilidade foi mantida em relação a março, mas houve expansão de 7,5% no confronto com abril de 2009, com inclusão de mais de 704 mil postos com carteira assinada.
Moro com meus pais e tenho poucos gastos. Comecei a comprar ações e investi em um apartamento em Samambaia;
Gilberto Mendes de Azevedo, auxiliar de escritório
O rendimento médio deve continuar subindo e as pessoas vão permanecer procurando por imóveis;
Luiza Rodrigues, economista do Santander