postado em 31/05/2010 07:42
Paracatu (MG) ; Explorar ouro não é só escavar a terra em busca do metal. Hoje, no Brasil, a maior parte dele é microscópica. É um pó bem fino que exige a retirada de toneladas de rocha, um moinho potente para fragmentar essas pedras e um processo químico complexo para separar as partículas de ouro. Todo esse ciclo até a barra ficar pronta leva cerca de sete dias. Em Paracatu, o conflito por terras passíveis de exploração é latente. Ao menos quatro famílias brigam na Justiça para não deixar suas fazendas nas mãos de mineradoras. A Kinross informa que está em negociação com essas famílias e que tenta encontrar a melhor solução para os impasses. Em entrevista exclusiva ao Correio, o presidente da Kinross no Brasil, José Roberto Mendes Freire, fala sobre essas disputas, tece comentários em relação aos impactos negativos da exploração de ouro para a comunidade local e revela os planos de investimentos da empresa. Confira, a seguir, os principais trechos.[SAIBAMAIS]Por que tanta confusão em torno do projeto de expansão da nova planta da mina de Paracatu?
Em um projeto para uma mina do tamanho da nossa (é a maior do Brasil para a extração de ouro) sempre tem gente querendo tirar proveito. Mas temos uma gerência para tratar disso, das relações com a comunidade. Na parte mais antiga da mina, temos mais uma área que ainda estamos negociando. Na nova, ainda faltam três áreas. São todas negociações normais.
Qual a capacidade produtiva da mina?
Antes da nova planta, estávamos produzindo 354 mil onças-troy por ano. Em 2010, a produção deve subir para 490 mil. Somos a maior mina de ouro tanto em produção quanto em extensão, atuamos hoje em 10.942 hectares em Paracatu.
Por que a atual corrida pelo ouro?
O metal tem se valorizado. O ouro é sempre um ativo seguro e a tendência é de os preços continuarem subindo. Com a valorização do metal no mercado, temos de aproveitar para pagar os investimentos feitos. No ano passado, foram US$ 570 milhões. Até o fim de 2010, serão mais US$ 235 milhões.
Esses recursos foram aplicados em quê?
Criamos uma segunda planta para trabalhar o minério mais pesado. Com isso, aumentamos o tempo de vida útil da mina em mais de 30 anos. Os investimentos desse ano serão para a nova barragem. Também estamos avaliando a possibilidade de fazer mais melhorias. Vamos instalar pelo menos mais um moinho de minério.
É possível mensurar os impactos econômicos da mina para Paracatu?
Estamos na cidade há 23 anos e 10% de toda a mão de obra de lá trabalham na mineradora. Nós também privilegiamos contratar as empresas locais e, hoje, 33% de todos os serviços que demandamos são locais.
A empresa reverte parte de seus ganhos em algum tipo de melhoria para a população?
Sim. Agora, estamos ajudando na expansão do hospital municipal. Todos os anos, temos um fórum para eleger as principais demandas da comunidade.