Economia

Inmetro desenvolve motor movido a óleo vegetal para tratores

postado em 01/06/2010 10:34
O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e a Fiat apresentam nesta terça-feira (1;/6), no 10; Challenge Bibendum, no Riocentro, projeto que transforma motores a diesel em motores para tratores movidos a óleo vegetal puro. Desenvolvido em parceria pelo Inmetro e a montadora, o projeto busca desenvolver tecnologia para melhorar o desempenho dos tratores.

O chefe da Divisão de Química do Inmetro, Valnei Cunha, informou à Agência Brasil que o programa tem três linhas básicas de atuação: bioetanol, biodiesel e óleo vegetal. ;Nós firmamos essa parceria com a Fiat para desenvolver tecnologia para motores de ciclo diesel, para operar diretamente com óleo in natura, sem a necessidade de transformá-lo em biodiesel;.

Em um primeiro momento, a intenção é trabalhar com motores que equipam tratores, utilizados de maneira geral por produtores rurais ou cooperativas de agricultores familiares. ;Focamos nisso para que possa ter também um cunho social na geração de energia elétrica. Porque você pode utilizar o motor para mover um gerador em comunidades que não têm grande acesso a combustíveis e produzem o seu próprio óleo;.

Cunha explicou que como não há necessidade de transformar o óleo vegetal puro em biodiesel, seu custo é menor para o produtor. Embora não exista ainda pesquisa para dimensionar a redução do custo de operação, Valnei Cunha estimou que a economia nos gastos com a compra de combustível seria de até 30%.

Além disso, o uso do óleo vegetal no motor pode reduzir em torno de 20% as emissões de gases poluentes. Segundo Cunha, no momento, as pesquisas feitas pelo Inmetro e a Fiat visam a garantir que o motor não tenha nenhum problema durante o seu ciclo de vida. ;Ou seja, que a empresa que vai comercializar, no caso a Fiat, possa dar garantia do motor;. Para isso, está sendo desenvolvida toda a parte de análise dos componentes do motor após o seu ciclo de uso.

De acordo com o técnico do Inmetro, a ideia é trabalhar com vários tipos de oleaginosas - entre elas o girassol - e não somente com a soja, que é a primeira matéria-prima utilizada no projeto. No futuro, a meta é trabalhar com oleaginosas características do país, como o dendê e a andiroba, facilmente encontradas pelas comunidades da Região Norte. ;Cada região está mais apta a produzir um tipo de oleaginosa;.

Cunha acredita que o projeto deverá se estender por mais dois anos. O Inmetro utiliza máquinas disponíveis no mercado para a extração do óleo vegetal puro, visando a permitir que os agricultores possam fabricar em casa óleos de boa qualidade. Com valor em torno de R$ 45 mil, cada máquina consegue processar entre 50 e 60 quilos de sementes de soja por hora, o que corresponde a 8 ou 9 litros de óleo por hora.

;O custo-benefício é alto;, afirmou Cunha. Isso significa que o capital investido retorna rapidamente. ;Porque ele tem a matéria-prima, vai produzir o seu próprio combustível, pode gerar energia elétrica para girar a própria máquina ou outras máquinas e também para a comunidade;.

Os testes vêm sendo realizados pelos pesquisadores no Laboratório de Motores do Inmetro em Xerém, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação