Economia

Ouro contra o câncer

Tanto no tratamento convencional quanto na homeopatia, o metal atua a favor da humanidade

Vera Batista
postado em 04/06/2010 09:44
Mais do que uma mercadoria (commodity) com cotação internacional, disputada pelos investidores em momentos agudos de crise ; como o atual ;, o ouro tem uma função importantíssima na medicina e, particularmente, na cura do câncer. Nanopartículas (minúsculas porções) do precioso metal vêm sendo usadas em quimioterapia para o combate de diversos tipos da doença, um avanço possível graças aos cientistas Raghuraman Kannan e Kattesh Katti, da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos. Um novo teste, desenvolvido pelo Fraunhofer Institute for Biomedical Thechnology (IBMT), da Alemanha, confirma que, ao mesmo tempo, o ouro pode ser usado para descobrir e para eliminar a doença, com resultados imediatos. É o metal a favor da humanidade.

No novo teste, os cientistas aquecem e expandem o tecido humano, com o uso de raio laser, e usam nanopartículas do metal para identificar se aquela parte do corpo está ou não doente ; as células cancerígenas aparecem mais brilhantes do que as demais. Caso a moléstia seja identificada, as nanopartículas de ouro são imediatamente aquecidas. E, pelas suas propriedades naturais, são capazes de destruir apenas as células doentes sem danificar as boas.

Trata-se de uma estratégia extremamente eficaz, porque, no instante em que se detecta a doença (antes que ela se transforme em ameaça real à vida), pode-se eliminá-la. O diagnóstico é feito em poucos minutos, ao contrário de hoje. O método também pode ser usado para identificar e destruir as células cancerosas metásticas (surgimento de novo foco do tumor).

O uso do ouro também se estende a terapias para o reumatismo (sais de ouro), malária e a Aids, e o metal possui propriedades curativas para problemas de pele e infecções. ;O emprego do ouro na medicina vai crescer. Mas, mesmo que o peso seja pequeno para a indústria, o uso médico do metal terá um impacto real pelas belas histórias que se terá para contar;, afirma Richard Holliday, diretor do Conselho Mundial do Ouro, que participou de um recente seminário em Lima, no Peru.

Na sua avaliação, as pessoas querem ouvir que a magia do ouro não ocorre apenas por sua beleza ou seu valor, mas também pelas notáveis propriedades do metal. ;Estamos diante de um cenário emergente, que será explorado pela medicina, em especial;, acrescenta Holliday. Atualmente, 70% do ouro produzido são absorvidos pelas joalherias e pelo mercado financeiro. Outros 12% vão para a indústria eletrônica.

Cura há 200 anos
Poucos sabem, mas o ouro é utilizado em medicamentos homeopáticos há mais de 200 anos, com o nome científico de ;Aurum metalicum;. O primeiro cientista que estudou as propriedades terapêuticas do metal foi médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemnn, que fundou a Homeopatia em 1779. A gerente de marketing da Farmácia de Manilupação Quintessência, Fortune Homsani , diz que o ouro, quando usado em baixas potências, combate infecções do aparelho respiratório. Em altas potências, atua como antidepressivo, podendo até dissipar a angústia em pacientes com tendências suicidas.

Por ironia do destino, ao mesmo tempo em que causa distúrbios nos investidores pelas incertezas advindas das crises financeiras, o ouro é capaz de combater o mesmo mal. ;Diluído e dinamizado em escala centesimal ou decimal (uma parte de ouro para nove ou 99 porções de solvente), o minério tem aplicação para vários tipos de doenças. Mas é importante destacar que a homeopatia trata de situações particulares de cada indivíduo. Nem todos os que usam ouro em altas potências têm tendências depressivas,;, esclarece Fortune.

O farmacêutico Justino Ferreira, diretor da Quintessência, lembra que o metal também ajuda no tratamento de doenças cardíacas. Um dos fatores valorizados é que, por ser um mineral nobre, na forma elementar, o ouro não interage com o organismo. ;Mas, ao ser diluído, liberta suas propriedades curativas. Há muito tempo, o ouro faz parte do mundo científico e combina saúde com bem-estar;, finaliza.


Tudo pela beleza
Não importa se o mundo está desabando em conflitos bélicos ou se a Europa está ruindo, atolada em dívidas públicas impagáveis. O sonho de consumo de qualquer ser humano de prolongar a juventude e retardar os sinais de envelhecimento, sejam físicos ou de ordem psicológica, continua intocável. Estudos comprovam que exercícios físicos regulares, leituras, viagens e aprendizado constante são formas de manter mente e corpo sãos. Mas não as únicas. Olhar-se no espelho e se enxergar belo contribui para a elevação da auto-estima, que também vai interferir na atividade profissional e na relação com o próximo.

A vaidade virou sinônimo de bem-estar e a medicina estética recentemente lançou mão de um dos mais nobres metais preciosos para envolver homens e mulheres nas redes da beleza: o ouro. Sim, o ouro. Ele que, por séculos, simbolizou fortuna e poder, chegou agora para se curvar aos encantos de homens e mulheres que almejam ter a pele lisinha, livre de manchas, totalmente descansada e sem sinais do tempo. O metal também ajuda a evitar aquela aparência estressada, abatida e sem vitalidade. O mineral está sendo usado em forma de máscaras faciais, cremes, óleos e maquiagens. Os preços dos produtos e dos tratamentos são salgados ; mas, afinal, são feitos com ouro.

Competição
Para ganhar a preferência das mulheres, os fabricantes entraram em uma verdadeira guerra. A tradicional empresa de cosméticos Avon, por exemplo, garante que deu início a uma ;estratégia de democratização do luxo; e acaba de lançar um batom com 24 quilates de ouro, para ;deixar os lábios instantaneamente mais luminosos e cintilantes;. O Boticário se inspirou nos tesouros e nas pedras preciosas para homenagear as mães. Lançou uma linha de produtos com texturas diferentes que lembram a luminosidade do ouro, para hidratar a pele e os cabelos.

Mas o que se tornou mais procurado nos últimos tempos foram as máscaras de ouro, que dão elasticidade e evitam as rugas, tonificam e revitalizam, além de ativarem o metabolismo celular. A dermaticista Lourdinha Mattos, da Clínica e Spa Harmonya, conta como funciona: ;São folhas minúsculas, diluídas em óleo de semente de uva, que são massageadas delicadamente. Elas removem o tecido envelhecido e renovam a capacidade de a pele reter água;.

Lourdinha prefere não dizer o preço, porque tudo depende do número de consultas e do tipo de pele dos interessados no tratamento. Mas garante que os resultados são fabulosos e que a procura aumenta a cada dia, tamanha a disposição do brasileiro em investir na beleza física. Essa corrida vem sendo impulsionada pelo bom momento econômico vivido pelo Brasil, com forte aumento na oferta de emprego e na renda. Além, é claro, da oferta maciça de crédito, que permite, em algumas clínicas, o pagamento dos tratamentos em prestações a perder de vista.

Mais preocupados com o preço do ouro no mercado financeiro ; a alta acumulada no ano chega a 16% ;, analistas não veem com bons olhos os dispêndios com as máscaras faciais ou batons tendo o metal como matéria-prima. Para eles, a ditadura da beleza se tornou uma competidora voraz ante seus interesses. ;Tive uma cliente que, aos poucos, foi reduzindo seus investimentos em Bolsa de Valores. Mesmo ela garantindo bons ganhos, preferia sacar o dinheiro. Perguntei, então, em que ela estava usando o dinheiro. E ela me respondeu: na beleza e no bem-estar, com todo tipo de tratamento estético;, conta um desses profissionais.(VB)

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