Economia

Restrições tendem a aumentar

Limitações para a extração de insumos como areia e argila e falta de mão de obra especializada são entraves para o setor

postado em 06/06/2010 07:00
Apesar de o governo estimar uma desaceleração do mercado interno a partir do segundo trimestre do ano, este não parece ser o cenário provável para a construção civil. O setor continua otimista e a perspectiva para os próximos seis meses é de expansão tanto no que se refere a novos empreendimentos e serviços quanto à compra de insumos e matérias-primas. Mas as limitações só vão aumentar diante da escassez de materiais básicos como areia, argila (insumo do tijolo) e brita.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão, destaca que os estados de São Paulo e Rio de janeiro estão enfrentando grandes problemas na extração de areia. ;Nesses locais, a questão é mais grave do que em outras regiões. A demanda está cada vez maior e, no Rio, há algumas semanas, foi proibido retirar areia de vários locais;, relata. Apesar de evitar o tom alarmista, Simão admite que a falta dos materiais vai influenciar nos custos. ;Vai bater nos preços finais e nos prejudicar bastante, mas vamos ter que enfrentar;, reconheceu.

Os entraves burocráticos no caso dos materiais básicos de construção são um agravante adicional. O setor reclama que o processo para obter a permissão ambiental para explorar novas jazidas de argila ou areia é muito lento e não atende a velocidade crescente da demanda.

Faltam braços
O problema mais sério que o setor deve enfrentar, segundo avaliação do presidente da CBIC, é a falta de mão de obra especializada. ;Temos esse gargalo no país inteiro. Faltam profissionais e os que conseguimos capacitar não são suficientes para suprir a necessidade;, reconhece. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese) estima que sejam criadas no Distrito Federal 5.865 vagas para o setor, apenas este ano. O número é quase um terço do total de postos de trabalho abertos na região, no primeiro quadrimestre, por todos os segmentos da economia (16.741), segundo registro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

De acordo com o levantamento do Ministério do Trabalho, a construção civil foi responsável, apenas no mês de abril, pela abertura de 38.418 vagas com carteira assinada no Brasil. Nos quatro primeiros meses do ano, já são 166.112 novos postos no setor. Entretanto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima um deficit de 28 mil profissionais na construção em todo o país, até o fim do ano. Toda essa escassez se reflete em mais custos para o segmento. De acordo com o pequeno construtor Antônio Izaias da Silva, os salários tiveram que se adequar à realidade do mercado. ;O salário mínimo, no setor da construção, não serve mais nem como referência;, diz. Patrão de 22 funcionários, ele conta que não consegue mais contratar um bom pedreiro por menos de R$ 80 por dia e nem mesmo os serventes aceitam trabalhar por menos de R$ 30 por dia.

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