Economia

Servidores entram em greve contra rigor fiscal na Espanha

Agência France-Presse
postado em 08/06/2010 14:13
Os funcionários públicos espanhóis entraram em greve nesta terça-feira na Espanha, protestando, em todo o país, contra o plano de austeridade anunciado pelo governo socialista para baixar o déficit, que inclui cortes de salários.

A essa paralisação, à qual foram chamados em torno de 2,6 milhões de servidores, poderá seguir-se uma greve geral, que os sindicatos não descartam caso o governo aprove uma reforma trabalhista sem um acordo com os trabalhadores e empresários.

Os principais sindicatos, Comissões Operárias (CCOO) e UGT, informaram que aderiram àparalisação pela manhã 75% dos servidores.

O funcionalismo protesta contra o corte de 5% de seus salários a partir deste mês e contra seu congelamento em 2011 - uma decisão tomada em maio pelo governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero.

Os sindicatos convocaram concentrações e manifestações em cidades de todo o país.

Em Madri, milhares de pessoas concentraram-se pela manhã diante do Ministério da Economia e, para a tarde, foi convocada manifestação no centro sob o lema "8 de junho, greve do setor público, não ao corte dos gastos públicos, mobilize-se".

Os cortes "deveriam ter sido aplicados àqueles que geraram a crise, às instituições financeiras", disse à AFP Miguel Angel Escolano, 47 anos, mecânico ferroviário que perderá 900 euros dos 30 mil anuais que ganha.

"Se penso nisso, começo a chorar", disse a professora Ana García Lago, 40 anos, que tem três filhos. Seu marido participa da greve.

"Conseguimos chegar ao fim do mês porque temos uma poupança que estamos gastando; era para comprar uma casa maior, mas com o que ganho, não chegamos ao fim do mês", ou seja, com 1.600 euros, dos quais lhe restam em torno de 150.

Esse corte faz parte de um rígido pacote de medidas de rigor fiscal adotadas pelo chefe de governo, José Luis Zapatero, para tentar reduzir o alto déficit público, que foi de 11,2% no ano passado, reduzindo os gastos públicos em 15 bilhões de euros este ano e no próximo.

O governo tomou tais medidas pressionado por seus sócios da zona do euro e pelos mercados.

A greve do funcionalismo prenuncia uma greve geral, que os sindicatos ameaçaram convocar caso o executivo socialista adote a reforma trabalhista sem chegar a um acordo com sindicatos e empresários.

Zapatero anunciou na semana passada que o governo aprovará a reforma em 16 de junho, apesar de não ter havido consenso.

A reforma trabalhista, recomendada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pretende fomentar o emprego com um modelo de contrato que inclua uma indenização por demissão mais barata, num momento em que o desemprego supera 20% da população ativa na Espanha.

O plano de austeridade inclui também o congelamento das aposentadorias e a supressão do "cheque bebê", pago aos casais, no valor de 2.500 euros para cada filho, entre outras benesses.

Esse ajuste ocorre num momento em que a economia sai timidamente da recessão iniciada no fim de 2008, a um ritmo mais lento que seus sócios europeus. No primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1%.

A greve se mantém um dia depois de os países da zona do euro terem advertido a Espanha de que seu programa de austeridade não será suficiente no médio prazo e que o país "precisa fazer mais" reformas, especialmente "no mercado de trabalho e no sistema de previdência", em 2011.

A ministra da Economia espanhola, Elena Salgado, declarou que a Espanha continuará "fazendo esforços em 2012 e 2013", ano em que o déficit deve cair para os 3% fixados pela zona do euro.

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