postado em 08/06/2010 16:23
Brasília ; Uma alta de juros prolongada pode ter impacto no crescimento industrial, afirmou nesta terça-feira (8/6) o gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco. Ele disse que a expectativa do setor industrial é de que o ciclo de alta da taxa de juros não se estenda por um período muito prolongado, nem seja muito intenso.;Nossa preocupação em relação aos juros é que não tenhamos uma alta que desestimule as empresas a levar adiante seus projetos de investimento. Se houver um desestímulo, um receio de que a economia possa perder intensidade, esses projetos podem não ser levados a cabo e isso pode prejudicar o crescimento futuro;, avaliou, após a divulgação dos indicadores da indústria pela CNI .
Na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em abril, a taxa básica de juros (Selic) subiu 0,75 ponto percentual (pp), ficando em 9,5% ao ano. Analistas estimam que a Selic vá subir mais 0,75 pp, ficando em 10,25% ao ano na reunião do colegiado que começa hoje e cuja decisão final sobre a taxa de juros vai ser divulgada nesta quarta-feira (9/6).
Castelo Branco disse ainda que a indústria de transformação vai continuar crescendo, mas não em um ritmo tão acelerado quando no primeiro trimestre do ano. A alta da taxa de juros projetada para os próximos meses e também o fim dos estímulos governamentais, segundo Castelo Branco, devem reduzir o ritmo de crescimento da indústria.
No primeiro trimestre, o faturamento cresceu em média 3,7% na comparação com a média do quarto trimestre de 2009, período em que a crise financeira internacional tinha acabado. Já a utilização da capacidade instalada do primeiro trimestre de 2010 cresceu 0,6 ponto percentual na comparação com o quarto trimestre de 2009.
Os dados divulgados hoje também mostram que o faturamento da indústria de transformação caiu 4,9% em abril na comparação com março. O número de horas trabalhadas teve queda de 3,4%. Apesar do menor número de horas trabalhadas, a utilização da capacidade instalada aumentou 0,8% no período, passando de 82,2 em março para 83 em abril. Com isso, a utilização da capacidade instalada volta ao patamar do período pré-crise, que era de 83,1, em setembro de 2008.
Também houve queda de 1,4% na massa salarial e de 1,9% no rendimento real. As contratações na indústria reduziram o ritmo de crescimento em abril para 0,1% na comparação com março, o que mostra uma estabilidade na criação de emprego que vem crescendo há nove meses.