postado em 09/06/2010 07:23
Mais punida pelos efeitos da crise internacional no ano passado, a indústria virou o jogo e cresceu 4,2% frente ao quarto trimestre de 2009 e 14,6% ante os primeiros três meses do ano passado, conforme informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, independentemente de ter retornado ao posto de locomotiva do país nos três primeiros meses do ano, o setor industrial não deve manter, ao longo de 2010, o vigor que registrou até março, segundo avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).Para o economista-chefe da entidade, Flávio Castelo Branco, o primeiro trimestre não deve ser visto como parâmetro para os próximos meses. ;A indústria não continuará crescendo no ritmo que se viu entre janeiro e março;, assegurou. Mas isso não que dizer que haverá uma forte desacelaração. Se as contas dos analistas estiverem corretas, a produção deve fechar o ano com um salto próximo de 15%. Ou seja, o mercado verá uma acomodação em um patamar elevado, não um tombo.
Castelo Branco afirmou que, mesmo que houvesse uma paralisação total das fábricas daqui até o fim do ano, ainda assim a indústria encerraria 2010 com incremento de 8%, tamanha foi a força demonstrada nos últimos meses. É o que os especialistas chamam de carregamento estatístico. O economista da CNI ressaltou que, pela sondagem feita pela entidade, em abril, os indicadores industriais já devolveram parte do forte crescimento apresentado até março. Segundo a pesquisa, o faturamento da indústria caiu 4,9%, número acompanhado pelas horas trabalhadas (queda de 3,4%), que são consideradas o indicador mais próximo da produção.
O arrefecimento fica mais evidente, no entender da CNI, pelos indicadores de emprego e utilização da capacidade instalada (UCI), que continuaram crescendo em abril, mas em menor intensidade. O número de vagas nas fábricas avançou apenas 0,1%, enquanto a UCI passou de 82,2% para 83%.
Na avaliação da economista-chefe da Corretora Icap Brasil, Inês Filipa, apesar de expressivo, o crescimento do PIB de 2,7% no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2009 não trouxe grande surpresa e mantém a dúvida de como a economia deve se comportar a partir do segundo trimestre do ano. ;É preciso observar se, daqui para a frente, haverá de fato uma acomodação da atividade ou se veremos só um arrefecimento no ritmo de crescimento, influenciado por bases de comparação (de 2009) mais baixas;, disse.
Importações
A pressão que o crescimento do PIB pode representar sobre a inflação deve ser minimizada pela maturação de novos investimentos (tempo que as melhorias no parque produtivo ou em obras estruturais levam para entrar em operação). De acordo com o IBGE, a formação bruta de capital fixo (investimento) avançou 7,4% ante os últimos três meses do ano passado e 26% sobre o primeiro trimestre de 2009.
O consumo também está sendo abastecido com as importações, que deram um salto de 39,5% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2009. Na comparação com os últimos três meses do ano passado, as compras no exterior aumentaram 13,1%.