postado em 11/06/2010 08:55
Fracassou a tentativa de negociação entre o governo espanhol, os sindicatos e os empresários em torno das propostas de emergência que pretendem reformar o sistema trabalhista do país. Depois de mais de 10 horas de debates entre quarta-feira e a madrugada de ontem, as autoridades locais anunciaram que não houve consenso. A reforma trabalhista proposta pelo primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero como forma de enfrentar a crise que assola seu país e a Europa ainda enfrenta fortes resistências.Cándido Méndez, secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), disse que há dúvidas sobre para que servirão as mudanças e se elas serão eficazes. O presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE), Gerardo Díaz Ferrán, lamentou, por sua vez, que os sindicatos ;não queiram encarar a realidade; e não apoiem uma reforma pela qual estão ;clamando; as instituições internacionais. Segundo Ferrán, as propostas estão ;à altura das circunstâncias de que necessita a economia do país e exigem os mercados;.
Mexer nas regras do mercado de trabalho espanhol é uma das recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI), de empresários e de economistas do país para tentar incrementar o emprego e fazer a economia reagir. A Espanha tem uma taxa de desemprego de mais de 20% da população economicamente ativa, o dobro da Zona do Euro. Com uma nova lei será possível, por exemplo, criar um outro contrato de trabalho fixo para reduzir os temporários, mas com indenização por demissão mais barata que a atual.
Jornada menor
A Espanha estuda adotar a iniciativa alemã de redução da jornada de trabalho e do salário, dependendo das empresas. O governo defende ainda o modelo austríaco de criação de um fundo pelas empresas do qual sairiam as indenizações. Se não houver um acordo com os sindicatos e os empresários, o governo promete aprovar a reforma de qualquer modo em 16 de junho ; um dia antes da realização da última cúpula europeia sob a presidência espanhola.
As mudanças na forma de contratação e remuneração de trabalhadores fazem parte de um plano de austeridade aprovado pela Espanha. O país vem sendo pressionado pela Eurozona e pelo mercados para reduzir o deficit público de 11,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 para 3%, o que inclui corte de salários de funcionários em 5% em média. Os sindicatos ameaçam com uma greve geral se a reforma trabalhista for decidida sem consenso.
LIMITES PARA OSCILAÇÕES
O organismo regulador das bolsas de valores nos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission, anunciou ontem novas regras de circuit-breaker (parada nas negociações em caso de volatilidades excessivas) sobre as operações, em resposta ao comportamento súbito registrado no mês passado. Haverá uma pausa na negociação de uma ação se o preço evoluir 10% ou mais em cinco minutos. O objetivo é ;dar ao mercado a oportunidade de provocar um novo interesse pelo título em questão, estabelecer um preço de mercado razoável e retomar os intercâmbios de forma equitativa e ordenada;, explicou a SEC em comunicado. A nova regulamentação será aplicada a partir de hoje.
BC europeu refaz previsões
O Banco Central Europeu (BCE) aumentou a previsão de crescimento na Eurozona em 2010 de 0,8% para 1%, apesar de rebaixar a previsão de 2011 para 1,2%, frente 1,5% indicado anteriormente. Em sua estimativa para 2011, o BCE levou em conta o impacto negativo que terão no crescimento a longo prazo os planos de austeridade recentemente anunciados por vários países europeus para sanear as finanças (1)públicas, consideradas por analistas independentes bastante deficitárias.
A autoridade monetária responsável por guardar o euro atualiza a cada três meses suas previsões de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação na Zona do Euro. Diante das turbulências causadas por problemas orçamentários e fiscais em países como Grécia, Espanha, Hungria e Portugal a expectativa é de alta da inflação em 2010 e 2011, alertou ontem o presidente Jean-Claude Trichet.
Estabilidade
O BCE reavaliou a expectativa de inflação na Eurozona em 2010 para 1,5%, contra o 1,2% calculado em março. Já a previsão para 2011 passou para 1,6%, ante o 1,5% informado anteriormente. Trichet disse que a instituição está ;inflexivelmente comprometida com a estabilidade dos preços; e que fará tudo o que estiver ao alcance para preservar o equilíbrio econômico da região e a estabilidade da moeda comum.
Em linha com o que os mercados europeus apontaram nas últimas semanas, o BCE manteve sua taxa básica de juros em 1%, o nível mais baixo da história. A estratégia foi a mesma utilizada pelo Fed, o Banco Central americano, para amenizar os efeitos da crise imobiliária que estourou no país e contaminou todo o mundo.
1 - Queda súbita
O deficit fiscal americano retrocedeu 28% em maio em relação ao mesmo mês de 2009, alcançando US$ 135,9 bilhões de dólares. O patamar é inferior ao previsto por analistas e contrasta com números divulgados pelo Tesouro dos Estados Unidos ao longo dos primeiros meses do ano. Maio é o oitavo mês do ano fiscal americano, que finaliza em 30 de setembro. O deficit fiscal acumulado nos oito primeiros meses do exercício 2009-2010 chegou a US$ 935,6 bilhões de dólares ; 6% menor do que no mesmo período do exercício anterior.