postado em 14/06/2010 07:00
Londres ; A moeda brasileira caiu de vez nas graças dos especuladores que operam nos mercados derivativos, uma das fontes do estouro da bolha imobiliária americana em 2008. Dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) coletados pela Reuters mostram que o real tornou-se a segunda divisa mais importante nas bolsas internacionais de derivativos, atrás apenas do dólar norte-americano e à frente do euro.O volume de posições em aberto de contratos futuros e de opções da moeda brasileira aumentou 41% nos primeiros três meses de 2010 para US$ 140 bilhões. ;A importância do real no segmento de divisas do mercado de futuros e opções se deve ao fato de haver, comparativamente, poucos negócios no mercado de balcão;, informou o BIS, o BC dos bancos centrais.
Pelas contas da instituição, o volume de contratos em aberto de futuros e opções com o dólar dos Estados Unidos alcançou US$ 330 bilhões ao final de março e o montante em euros chegou a US$ 100 bilhões. No total, os mercados futuros e de opções de moedas movimentaram, entre janeiro e março, US$ 9 trilhões, com aumento de 11% sobre o mesmo período de 2009.
O real não é uma moeda totalmente conversível, mas possui um mercado futuro bem desenvolvido e bastante líquido. Além disso, a divisa é atraente para os investidores devido à força da economia do país, à alta taxa de juros ; que alcançou 10,25% na semana passada ; e à sua forte ligação com as commodities (mercadorias com cotação internacional). O real continua, porém, sendo uma moeda vulnerável em tempos de grande aversão a riscos nos mercados financeiros.
Coreia impõe restrição
Seul ; A Coreia do Sul anunciou ontem um pacote de medidas para conter a forte oscilação de sua moeda, o won, alvo constante dos especuladores. O objetivo é reduzir a entrada de fluxos de capitais no país ligados à dívida externa de curto prazo, que representam um risco (1) para o nono maior exportador mundial. As autoridades do país, alarmadas com as oscilações abruptas do won durante a recente turbulência internacional, causada por problemas de dívida na Europa, estavam preparando os investidores há semanas para as medidas destinadas a estabilizar a moeda e a reduzir empréstimos estrangeiros.
As restrições limitam as operações de câmbio e de derivativos realizadas por bancos coreanos e outras instituições financeiras a 50% do que tiverem de capital líquido. ;Estas medidas visam a reduzir a volatilidade nos fluxos de capitais, o que representa um risco sistêmico ao país, em vez de manter a taxa de câmbio em uma direção específica;, informaram, em comunicado conjunto, o Ministério das Finanças, o Banco Central e dois órgãos reguladores da Coreia.
O limite para as unidades de bancos estrangeiros foi fixado em 250% do capital social mínimo, que, em média, é de apenas um trigésimo do detido pelos bancos locais. Representantes dos órgãos reguladores negaram que as medidas, que se seguem ao controle de liquidez e a limitações sobre transações em divisas de empresas, anunciados em novembro do ano passado, poderão afetar a confiança dos investidores. O vice-ministro de Finanças e Estratégia, Yim Jong-yong, disse que as autoridades conduziram ;testes de estresse; com os bancos coreanos e estrangeiros antes das medidas, para garantir o sucesso delas, e garantiu que qualquer choque será minimizado.
1 - Recessão
Um dos principais motivos para a Coreia do Sul ter sofrido muito no ano passado, com retração da economia, foi a forte volatilidade nos fluxos de capitais para aquele país. Agora, o governo coreano quer ter a segurança de que a quantidade de dinheiro que entrará e sairá do país não provocará transtornos e não obrigará o Banco Central a agir.