O Banco Federal, instituição financeira privada de tamanho médio, é o oitavo da Venezuela, em volume de depósitos. Ao final de 2009 possuía 152 agências em todo o país e 2.982 empregados, além de lista de clientes próxima de 300.000 pessoas. "Depois de um período de testes, decidimos intervir na instituição", explicou Humberto Ortega Díaz, acrescentando que todas as operações serão suspensas e suas agências, fechadas.
Os principais motivos desta intervenção são "a pouca disposição do Federal de sanear com recursos próprios os problemas de liquidez" e o desejo do governo de "salvaguardar as contas dos clientes do banco", explicou Egdar Hernández, diretor da Superintendência de Bancos (Sudeban).
A intervenção vai durar 60 dias e, depois desse período, o governo decidirá pela reabilitação do banco ou por sua liquidação.
Hernández garantiu que as contas dos clientes estão garantidas graças a organismos do Banco Central.
O presidente do Federal, Nelson Mezerhane, um dos principais acionistas do Globovisión, mostrou-se "surpreendido" com a decisão do governo, atribuindo-a a motivações políticas, vinculadas a seu posto no canal de televisão, e não puramente econômicas.
"Aqui está a fatura de onde deveríamos chegar e chegamos. Ontem, o presidente havia dito: ;Guerra de assalto aos bancos; e hoje, vocês podem comprovar. Missão cumprida. Dito e feito", denunciou.
"Isto é arbitrariedade, grosseria e falta de respeito.
Quem não estiver de acordo com as loucuras (do governo) terá que pagar este tipo de preço", acrescentou, assegurando que há meses vem se sentindo "asfixiado" pelo Executivo.
Desde novembro de 2009, mais de dez bancos, todos de pequeno e médio porte, sofreram intervenções; alguns deles sendo fechados pelo governo Chávez, sob a justificativa de "garantir o saneamento do sistema bancário e financeiro nacional" e evitar abusos.
O Estado venezuelano comprou no ano passado o grupo espanhol Santander, que se tornou Banco da Venezuela, e controla, hoje, mais de 26% do setor bancário do país. O poder enfrentará no próximo mês de setembro eleições legislativas que considera cruciais, num momento em que a popularidade do presidente venezuelano chegou, em fevereiro, ao mais baixo nível em dez anos (43%).