Economia

Mercado vê PIB de 7% e projeta redução para IPCA deste ano

Analistas ouvidos pelo BC reduzem as projeções para o IPCA deste ano, mas acreditam que o Copom tende a manter o ritmo de alta dos juros

postado em 15/06/2010 07:48
O Banco Central deve manter a sua estratégia e elevar a taxa básica de juros novamente em 0,75 ponto percentual na reunião de julho, a despeito da queda nas expectativas de inflação para este ano e de o mercado cravar crescimento mais forte da economia ; de 7%. Os analistas admitem que, já neste mês, os índices de preços ao consumidor vão desabar, puxados pelos alimentos. Mas, para o BC, o conforto com a inflação só chegará quando as estimativas do mercado apontarem, para 2011, taxas mais próximas de 4,5%, o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A autoridade monetária sabe que o arrocho nos juros só terão efeito efetivamente a partir do fim do ano.

Na avaliação do economista-chefe do Banco BES Investimento, Jankiel Santos, os alimentos devem segurar os índices de inflação em níveis baixos no curto prazo, mas essa não será a principal variável considerada pelo BC. ;O Copom (Comitê de Política Monetária) vai olhar a inflação corrente, mas as decisões tomadas agora só influenciarão os índices daqui a meses. Não acho que haverá uma alteração muito substancial das expectativas (de preços) para o curto prazo;, avaliou.

Para o economista, o agravamento das condições no mercado externo é o único fator que poderia motivar um ajuste menor (0,50 ponto percentual) nos juros, mas ressaltou que esse cenário é pouquíssimo provável. ;No mercado doméstico não vejo nada que possa mudar essa estratégia;, considerou. O Boletim Focus publicado ontem pelo BC mostrou que as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano caíram de 5,64% para 5,61%, enquanto as do ano que vem permaneceram estáveis em 4,80%, valor ainda acima da meta central.

Condição
A análise de que a inflação corrente não alterará a política do BC é partilhada pelo economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, que não descarta completamente uma redução no ritmo de aumento da Selic. Ele lembrou, porém, que a melhora da inflação para os consumidores ainda está muito condicionada aos alimentos. Apesar de terem um grande peso na composição dos índices preços, esses produtos têm como característica a instabilidade, já que são suscetíveis, entre outros fatores, às variações climáticas. Ambos os economistas, por enquanto, esperam elevação de 0,75 ponto na Selic, para 11% em julho.

Em contrapartida à queda nas expectativas de inflação, o mercado elevou para quase 7% a estimativa de expansão da economia este ano, refletindo o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre. Independentemente de o percentual estar acima de todas as projeções feitas pela equipe econômica do governo ; o teto é 6,5% ;, o número só deverá influenciar o próximo Copom, segundo Jankiel Santos, caso o BC altere a sua própria projeção para o crescimento, que está em 5,8%. ;Quando se trata de PIB, o BC sempre olha mais para a projeção feita (trimestralmente) no Relatório de Inflação do que para o que estima o mercado;, explicou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação