Economia

Petrobras tem dias de baixa devido dúvidas sobre operação do pré-sal

Vera Batista
postado em 15/06/2010 07:55
As dúvidas dos investidores sobre a atuação da Petrobras na exploração do pré-sal continuaram derrubando os papéis da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo. Ontem, as ações ordinárias (ON), com direito a voto, despencaram 2,55% e as preferenciais (PN), que não dão o poder de decisão ao acionista, caíram 1,99%. O problema, segundo os analistas, está nos desafios que a estatal terá de enfrentar para concretizar o seu processo de capitalização. ;O pior cenário para o investidor é a incerteza;, destacou Rossano Oltramari, economista-chefe da XP Investimentos.

No ano, as ON já caíram 18,1% e as PN tiveram perdas totais de 19,71%, muito acima do Ibovespa, o índice mais negociado na BM. Na avaliação de Oltramari, é crescente a especulação sobre os preços reais da cessão onerosa ; o que Petrobras pagará à União ; e do barril de petróleo. O maior temor, entretanto, reside na falta de confiança se o plano de investimentos sairá ou não do papel e se a exploração do pré-sal será boa para a empresa ou para o governo.

Outro problema ainda sem solução é o novo modelo de partilha. ;É uma armadilha para a Petrobras. Ela terá que se desdobrar. Agora, por lei, tem que operar em 30% em toda área do pré-sal. Assim, não terá condições de ser seletiva e pode atrasar tudo;, criticou David Zylbersztajn, diretor-presidente da DZ Negócios com Energia. A votação final ocorreria hoje, na Câmara dos Deputados, mas foi adiada diante da ameaça de um plenário às moscas em dia de estreia do Brasil na Copa do mundo.

Bom humor
A conjuntura interna teve pouca influência sobre a Bolsa de Valores brasileira, que chegou a se valorizar 1,09%, ultrapassando os 64 mil pontos. Sem dúvida, o mercado recebeu bem as notícias, divulgadas pelo Boletim Focus, do Banco Central, de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) para 6,99% em 2010, contra 6,60% da pesquisa anterior. Mas o foco do bom humor inicial foi a alta de 9,5% da produção industrial da Zona do euro, até abril deste ano, em relação a igual período de 2009 ; o maior desde 1991. Entretanto, no fim da tarde, a BM despencou e fechou aos 63.532 pontos, depois que a Agência Moody;s rebaixou os títulos soberanos da Grécia.

No mercado de câmbio, o dólar fechou o dia cotado a R$ 1,80, com queda de 0,5%. A estimativa do economista chefe da Corretora Prosper, Eduardo Velho, é de que o preço da divisa americana continue caindo. Ele estima que, no modelo da cessão onerosa, o valor a ser pago pela Petrobras à União deverá se situar entre US$ 5 e US$ 6 por barril, atingindo US$ 30 bilhões. Ele calcula que metade desse valor virá de investidores estrangeiros, o que pode puxar o preço do dólar para baixo e obrigar o Banco Central a fazer intervenções mais fortes de compra.

"O pior cenário para o investidor é a incerteza;

Rossano Oltramari, economista chefe da XP Investimentos

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