Economia

JBS, maior do mundo em carne bovina, quer emprestar R$ 450 milhões até 2012

postado em 16/06/2010 07:32
Maior frigorífico do mundo, o grupo JBS atua há dois anos como banco. Diante da necessidade de aliviar os gargalos financeiros que reduziam a produtividade de seus fornecedores, passou a oferecer os serviços financeiros. O Banco JBS é tido como conservador. Todos os recursos que capta são aplicados em títulos do governo. O presidente do Banco JBS, Emerson Loureiro, falou ao Correio sobre a crise na Europa, os embargos de Rússia e Estados Unidos à carne brasileira e revelou os projetos de investimentos. Até 2011, ele pretende levar a instituição de 17 para 50 praças. Em dois anos, a expectativa é de dobrar a carteira de empréstimos. ;Estamos crescendo de forma agressiva, mas muito segura;, declarou. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

De frigorífico a banco

A JBS só financia a própria cadeia produtiva?
Os pecuaristas que estamos dispostos a financiar são os que estão dispostos a abater nos frigoríficos do grupo JBS. Hoje são 50 plantas. De maneira geral, a negociação varia em função do histórico do produtor com a gente, do nível do endividamento dele e da quantidade de garantias que pode oferecer. É uma série de fatores que determinam as condições que o tomador de crédito terá para quitar a dívida.

Qual o tamanho da carteira de crédito do banco?
Hoje, temos R$ 230 milhões. O objetivo é manter essa carteira até o fim do ano. Uma vez que a pecuária é sazonal, passaremos a ter um crescimento no primeiro semestre de 2011, quando chegaremos aos R$ 350 milhões. Em 2012, chegaremos aos R$ 450 milhões. Quando se é muito pequeno, é mais fácil crescer. Do ponto de vista do frigorífico, a atividade do banco é muito reduzida. O frigorífico do JBS compra 600 mil cabeças por mês, o que dá por volta de 7 milhões de cabeças por ano ou R$ 7 bilhões gastos com a compra de animais. Dado que estamos dispostos a financiar isso, se eu financiar 100% da minha cadeia produtiva, em vez dos R$ 230 milhões, eu poderia ter R$ 8 bilhões. Se atingirmos 15% dos nossos fornecedores, estamos falando de R$ 1 bilhão.

A crise na Europa e as commodities em queda preocupam?
Preocupam sim. Mas a verdade é que Brasil é uma economia bastante fechada, e o mercado pecuário mais ainda, por conta de barreiras comerciais e sanitárias. Não posso pegar o boi aqui e vender nos Estados Unidos. Tenho uma série de restrições. O boi como ativo financeiro tem vida própria. Os componentes que determinam seu preço têm pouca influência externa. Não sendo uma crise ao estilo da que ocorreu há dois anos, os mercados vão navegar com tranquilidade. Se pegarmos as cotações futuras, o boi vai manter a estabilidade de preços no ano. Não acreditamos em grande oscilação.

O embargo da Rússia e dos EUA tiveram impacto forte no Brasil?
Na verdade, não. Mas é um canal de distribuição que é cortado. Em tese, diminui a necessidade de compra dos frigoríficos. Mas o fato é que se não vendemos para a Europa ou para outros países, colocamos a carne em outro lugar. O mercado interno brasileiro é muito maior do que o volume de exportação. O grande foco de consumo é o Brasil. O preço pode cair se o país for mal na Copa do Mundo. O campeonato mundial tem mais influência no mercado do que esses embargos. A gente exporta 20% da produção, não é nada. O Brasil está bem blindado.

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